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A Aliança Anticomunista Argentina (Alianza Anticomunista Argentina em espanhol, mais conhecida como Triple A ou AAA) foi um esquadrão da morte de extrema direita que esteve em a(c)tividade na Argentina em meados da década de 1970, particularmente no governo de Isabel Perón (1974-1976). Posteriormente, vincularam-se à junta militar liderada por Jorge Rafael Videla (1976-1983) e desempenharam um papel de destaque na "Guerra Suja".
De acordo com um artigo de 1983 do New York Times, na época da fundação do grupo, a Argentina vivia um período crescente de ataques terroristas executados por grupos de extrema esquerda[1], e dura repressão da dissidência por parte dos militares, paramilitares e forças policiais. Todavia, de acordo com o julgamento Juicio a las Juntas de 1985, por volta de 1976 tanto o ERP quanto os Montoneros tinham sido desmantelados e nenhuma insurgência real poderia legitimar a assim chamada "Guerra Suja".
Clandestinamente liderada por José López Rega, ministro do Bem-Estar Social e secretário pessoal de Perón, ela reforçou a repressão contra a ala esquerda do peronismo. Rodolfo Almirón, preso na Espanha em 2006, também foi uma figura importante da Triple A, encarregado da segurança pessoal de López Rega e Isabel Perón. O agente da SIDE Anibal Gordon era supostamente outro membro importante da Triple A, embora sempre tenha negado isto.
Criação
A Triple A foi organizada por José López Rega e Alberto Villar, delegado-chefe da polícia federal argentina, durante a breve presidência interina de Raúl Lastiri em 1973. López Rega, um filósofo ocultista e auto-proclamado vidente, havia surgido para exercer uma influência, tal qual Rasputin, sobre a então esposa de Perón, Isabel Martínez de Perón, que assumiu a presidência quando da súbita morte deste em 1 de julho de 1974. Para apoiar o grupo, López Rega sacou fundos do Ministério do Bem-Estar Social, o qual ele controlava.[3] Alguns dos membros da Triple A tinham tomado parte no massacre de Ezeiza em 1973, quando franco-atiradores atiraram em peronistas de esquerda no dia em que Perón voltou do exílio, levando assim à separação definitiva entre peronistas de esquerda e direita.
As investigações do juiz Baltasar Garzón demonstraram que o neofascista italiano Stefano Delle Chiaie também tinha trabalhado com a Triple A, e estava presente no dia da volta de Peron à Argentina— Delle Chiaie também trabalhou com a DINA chilena e com o ditador boliviano Hugo Banzer.
Vítimas
O grupo despertou a atenção nacional pela primeira vez em 21 de novembro de 1973 quando tentou matar sem sucesso o senador argentino Hipólito Solari Yrigoyen através de um carro-bomba. De acordo com um apêndice do relatório CONADEP de 1983, a AAA conseguiu executar 1.122 vítimas[5], incluindo suspeitos Montoneros e guerrilheiros esquerdistas do EPR e seus simpatizantes, bem como juízes, chefes de polícia e ativistas sociais. No total, suspeita-se que tenha executado mais de 1500 indivíduos,[6]
Há também fortes suspeitas do envolvimento do grupo no assassinato em 1974 do jesuíta Carlos Mugica, amigo de Mario Firmenich, fundador dos Montoneros.[5] Outras personalidades vitimadas foram Silvio Frondizi, irmão do ex-presidente Arturo Frondizi, o ex-diretor da polícia Julio Troxler, o advogado de prisioneiros políticos Alfredo Curutchet e o ex-vice-governador da Província de Córdoba, Atilio López. A comissão CONADEP sobre violação de direitos humanos provou que a Triple A praticou 19 homicídios em 1973, 50 em 1974 e 359 em 1975, enquanto que suspeita-se de seu envolvimento em várias outras centenas. Ameaças de morte também provocaram o exílio de muitos outros, incluindo cientistas tais como Manuel Sadosky, artistas como Héctor Alterio, Luis Brandoni e Nacha Guevara, e políticos como José Ber Gelbard, bem como Héctor Sandler e Norman Brinski.[7] Uma das estimativas mais freqüentemente citadas contabilizam 220 ataques terroristas de julho a setembro de 1974, os quais mataram 60 e feriram gravemente 44, bem como 20 seqüestros[8] O juiz federal Norberto Oyarbide, que assinou o pedido de extradição contra o ex-líder da AAA Rodolfo Almirón, qualificou em dezembro de 2006 os crimes da Triple A como violações dos direitos humanos e "início do processo sistemático drigido pelo aparelho do estado" durante a ditadura.
A AAA também teve forte apoio dos militares e do comandante-em-chefe do exército, Jorge Rafael Videla, que chegou à presidência da Argentina após o golpe de estado de 1976.Outros
Quinze ex-membros da AAA (incluindo Rodolfo Almirón, que mais tarde se tornou chefe da segurança pessoal de Manuel Fraga) participaram em 1976, juntamente com o neofascista italiano Stefano Delle Chiaie e Jean Pierre Cherid, ex-membro da OAS e posteriormente do esquadrão da morte GAL, do assassinato em Montejurra, Espanha, de dois carlistas esquerdistas.[10][7] O ex-membro da Triple A José María Boccardo também participou em 1978, juntamente com Jean Pierre Cherid e outros, do assassinato de Argala, o etarra, o qual havia tomado parte no assassinato do primeiro-ministro de Franco, Luis Carrero Blanco.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Triple_A
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