quinta-feira, 3 de junho de 2010

EUA confirmam morte de americano




03/06/2010-15h10
EUA confirmam morte de americano e irão investigar ação de Israel

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Publicidade

O Departamento de Estado americano confirmou nesta quinta-feira que um cidadão americano foi morto no ataque do Exército de Israel à frota de seis navios comandada pela Turquia que tentava levar ajuda humanitária à faixa de Gaza.

Segundo o porta-voz do departamento, P.J. Crowley, o jovem Furkan Dogan, 19 --que tinha cidadania americana e turca-- foi morto a tiros na ação militar israelense.

Após a confirmação, ele disse também que os Estados Unidos irão investigar as circunstâncias das mortes dos ativistas a bordo do comboio. Além de Dogan, ao menos outras oito pessoas --todas de nacionalidade turca--foram mortas pelos soldados.


"Analisaremos com cautela as informações que foram recebidas sobre as circunstâncias da morte [do americano]", disse Crowley. "Nós levamos muito a sério a saúde dos cidadãos americanos em qualquer parte do mundo", disse ainda o porta-voz.

Interrogado sobre se agentes do FBI [polícia federal americana] ficarão a cargo das investigações, Crowley afirmou: "Nesse momento, não".

Anteriormente nesta quinta-feira, após sofrer pressão da ONU por uma investigação internacional sobre o ataque, Israel propôs que o inquérito seja conduzido pelo próprio país, mas com a participação de observadores estrangeiros.

"Não há por que temer uma comissão de investigação. Disse ao primeiro-ministro (Binyamin Netanyahu) que deveríamos criar uma comissão de investigação que seja aberta e transparente", destacou o chanceler Avigdor Lieberman em entrevista à imprensa local.

O chanceler afirmou que Israel não tem "nada a esconder" sobre a abordagem à expedição marítima em águas internacionais efetuada pelo Exército israelense contra o comboio de seis navios com 750 pessoas a bordo.

"Temos excelentes juristas, alguns dos quais poderia se incumbir do tema. Se querem incluir um membro internacional de algum tipo no comitê, também está bem", apontou.

Oposição

Mas também houve manifestações contrárias. Dois ministros israelenses se declararam nesta quinta-feira que vão fazer oposição à criação de uma comissão internacional de investigação sobre a operação.

"Àqueles que pedem que seja criada uma comissão internacional de investigação precisamos responder que Israel é um Estado democrático independente e não uma república das bananas", disse o vice-primeiro-ministro encarregado de Assuntos Estratégicos, Moshé Yaalon, em declarações a uma rádio.

"Nós mesmos somos capazes de investigar, de tirar as lições e de aplicá-las. Mas durante este processo não temos que nos entregar à autoflagelação", acrescentou.

O ministro das Finanças, Yuval Steinitz, também rejeitou a ideia de uma investigação internacional e propôs, em troca, que a Comissão de Defesa e de Relações Exteriores do Parlamento israelense forme uma "comissão de investigação".
Em entrevista à BBC Brasil, a cineasta brasileira Iara Lee disse que os israelenses teriam jogado corpos no mar.

Detida por tropas israelenses na ação militar, Lee relatou à BBC Brasil ter visto "muito sangue" e que começou "a passar mal" quando subiu ao convés do barco em que viajava.

Ela disse ainda que os atiradores de elite do Exército de Israel entraram no principal navio da frota, o Mavi Marmara, "atirando para matar".

"Era muito sangue, eu comecei a passar mal, tive ânsia de vômito e até desisti de procurá-lo." Iara disse à BBC Brasil que não testemunhou as mortes, mas que '"outras pessoas que estavam no barco contaram ter visto soldados atirando corpos no mar".

A cineasta brasileira Iara Lee, que estava no comboio atacado em Israel

Embarcações israelenses retornam ao porto de Ashdod; EUA prometem investigar ação

http://f.i.uol.com.br/folha/mundo/images/1015295.gif



Militares de Israel admitem erros em ação contra navios

Inteligência falha, equipamentos e táticas erradas. Os militares de Israel reconheceram na terça-feira ter cometido grandes erros na abordagem desastrosa de um barco de ajuda humanitária com destino a Gaza, na qual tropas de elite mataram nove ativistas internacionais .

Embora os israelenses tenham tomado partido de seus militares perante a fúria estrangeira, a recriminação doméstica - com as palavras "Fiasco" e "Desordem" dominando as manchetes dos jornais - revelou uma erosão na confiança que fez lembrar os reveses sofridos na guerra do Líbano de 2006.

Assim, em meio à crescente condenação ao ataque, Israel anunciou nesta terça-feira que irá deportar imediatamente os centenas de ativistas estrangeiros detidos a bordo do comboio.

Autoridades israelenses afirmaram que todos os 680 ativistas serão libertados, incluindo duas dezenas que haviam sido ameaçadas por Israel de serem julgadas pela acusação de atacar os soldados.

Militares de Israel admitem erros em ação contra comboio com destino a Gaza

Quarta, 2 de junho de 2010, 12h33 Atualizada às 13h15
Israel se isola do mundo com ação contra Gaza

Thomas L. Friedman
Do The New York Times

Como um amigo tanto da Turquia como de Israel, tem sido agonizante assistir ao embate desastroso entre os comandos navais israelenses e uma flotilha de ativistas "humanitários" buscando quebrar o bloqueio israelense em Gaza. Pessoalmente, penso que ambos, Turquia e Israel, estão um pouco desequilibrados ultimamente e é trabalho dos Estados Unidos ajudar ambos a reencontrar o ponto central - urgentemente.

Há bastante tempo que tenho um sentimento especial pela Turquia. Uma vez, até argumentei que se a União Europeia não permitisse a presença da Turquia, deveríamos convidar a Turquia para juntar-se à ALCA. Por quê? Porque acho que realmente importa se a Turquia é uma ponte ou uma trincheira entre o Ocidente judeu-cristão e o Oriente árabe e muçulmano. O papel da Turquia em equilibrar e interpretar o Oriente e o Ocidente é um dos pontos centrais importantes que ajudam a manter o mundo estável.

Também ocorreu de eu estar em Istambul quando a rua de uma das sinagogas que lá sofreram um ataque suicida a bomba, em 15 de novembro de 2003, foi reaberta. Duas coisas me impressionam: Primeiro, o rabino-chefe da Turquia apareceu na cerimônia, ao lado do clérigo muçulmano mais importante de Istambul e do prefeito local, enquanto multidões jogavam cravos vermelhos neles. Segundo, o líder da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que vem de um partido islâmico, fez uma visita ao rabino-chefe - a primeira vez que um primeiro-ministro turco chamou o rabino-chefe ao seu escritório. Desde então, tenho visto a Turquia desempenhar um importante papel em mediar Israel e Síria e em votar, apenas um mês atrás, a favor da participação de Israel na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

Portanto, foi doloroso ouvir o mesmo primeiro-ministro Erdogan, em anos recentes, atacar Israel verbalmente em público, com veemência cada vez maior, a respeito do seu tratamento aos palestinos em Gaza. Muitos veem isto como a Turquia buscando atrair as graças do mundo muçulmano após ter sido recusada pela União Europeia. Não tenho problema com a Turquia ou com grupos humanitários criticando Israel em voz alta. Mas eu tenho um grande problema quando as pessoas ficam tão agitadas pelas ações de Israel em Gaza, mas não se sentem tocadas pelo envolvimento da Síria no assassinato do primeiro-ministro do Líbano, pelo assassinato, por parte do regime iraniano, de seus próprios cidadãos, que protestavam pelo direito de ter seus votos contados, pelos ataques suicidas a bomba, que mataram aproximadamente 100 muçulmanos ahmadi em mesquitas no Paquistão na sexta-feira e pelos terroristas pró-Hamas que destruíram uma colônia de férias patrocinada pelas Nações Unidas em Gaza porque não enfiaria o fundamentalismo islâmico garganta abaixo das crianças.

Aquele interesse por Gaza e pelo bloqueio de Israel está tão desigual comparado a estes outros casos terríveis na região que não é de se surpreender que os israelenses o rejeitem como motivado pelo ódio - não pelo conselho de amigos. A Turquia possui um papel único a desempenhar na ligação entre o Ocidente e o Oriente. Caso a Turquia incline-se muito para o Oriente, pode se tornar mais popular com os árabes, mas perderia muita relevância estratégica e, o mais importante, seu papel histórico como um país que pode ser muçulmano, moderno e democrático - com boas relações tanto com Israel como com os árabes. Assim que esta crise passar, precisará voltar ao seu equilíbrio.

Idem para Israel. Não há dúvida de que esta flotilha foi uma armação. O serviço de inteligência de Israel falhou em avaliar integralmente quem estava a bordo, e os líderes israelenses certamente falharam em pensar de forma mais criativa a respeito de como evitar o confronto muito violento que os destruidores do bloqueio queriam. Contudo, ao mesmo tempo, o bloqueio parcial israelense do Hamas e de Gaza já está em atividade há quatro anos. Certamente não é totalmente culpa de Israel, dado a recusa do Hamas em reconhecer Israel ou os acordos de paz anteriores e seus próprios repetidos ataques com mísseis a Israel.

Mas certamente sei isto: É do total interesse de Israel atrair mais imaginação e energia diplomática para encerrar este cerco a Gaza. Por quanto tempo irá continuar? Teremos uma nova geração inteira crescendo em Gaza em Israel contando quantas calorias cada um deles recebe? Isto certamente não pode ser do interesse de Israel. Israel tornou-se tão bom em controlar os palestinos que poderia ficar confortável com um esquema que não apenas corroerá seu próprio tecido moral, como aumentará seu isolamento internacional. Pode ser que o Hamas não dê a Israel outra escolha, mas Israel poderia mostrar muito mais iniciativa em determinar se isto é assim mesmo.

Um dos meus amigos israelenses mais antigos, Victor Friedman (sem parentesco), um professor de educação de Zichron Yaacov, enviou-me o seguinte e-mail na terça-feira: "Já está na hora de usarmos nossa sagacidade. Se usássemos mesmo que uma pequena fração dos recursos e da capacidade intelectual que colocamos em 'defesa' para encontrarmos um meio de avançar em termos de convivência com os palestinos, teríamos solucionado o problema há muito tempo. A situação estratégica nuca foi mais oportuna - os árabes estão assustados com os iranianos, o plano de paz saudita ainda está em negociação, e os palestinos estão começando a agir racionalmente. Mas nos falta a liderança para nos ajudar a efetuar uma mudança real".

Este é um momento crítico. Dois dos melhores amigos dos Estados Unidos estão desequilibrados e avançando furiosamente na garganta um do outro. Precisamos nos mexer rapidamente para trazê-los de volta a um equilíbrio, antes que isto saia do controle.

» Israel atacou navio de ONG outras vezes, diz amiga de cineasta brasileira

» Protestos contra ataque de Israel espalham-se pelo mundo

Israel se isola do mundo com ação contra Gaza - Terra - Thomas Friedman

Militares de Israel admitem erros em ação contra comboio com destino a Gaza

As guerras terceirizadas dos Estados Unidos..



Foto:
GUERRA AO TERROR Segundo Allison Stanger, ao permitir que empresas privadas entrem em combate, EUA dão argumentos aos terroristas. No detalhe, a capa do livro, ainda sem versão em português

30/12/2009 - 11:57 - Atualizado em 30/12/2009 - 12:16
Iraque e Afeganistão: as guerras terceirizadas dos Estados Unidos
Em entrevista a ÉPOCA, Allison Stanger, autora do livro "One Nation Under Contract", explica como um sistema de terceirização pouco transparente ajudou a tornar a política externa dos Estados Unidos mais ambiciosa. E a criar um novo grupo de empresas que lucram com a guerra

Um relatório publicado em julho pela Federação dos Cientistas Americanos (FAS, na sigla em inglês) mostrou que entre 2002 e 2008, o número de militares dos Estados Unidos no Iraque e no Afeganistão pulou de 5,2 mil para 187,9 mil. Em 2010, a quantidade será ainda maior, com cerca de 140 mil soldados no Iraque e outros 66 mil no Afeganistão. Tudo isso sem contar a presença marcante em mais de 40 países em todos os continentes. Dados como esses suscitam uma questão: como os Estados Unidos conseguem sustentar essas operações?

Grande parte da resposta está no livro One Nation Under Contract: The Outsourcing of American Power and the Future of Foreign Policy (algo como Uma Nação sob Contrato: A Terceirização do Poder Americano e o Futuro da Política Externa), escrito por Allison Stanger, professora de Relações Internacionais do Middlebury College, nos EUA. No livro, ela detalha o funcionamento de um sistema de terceirização de tarefas que vão desde o fornecimento de alimentação aos soldados até missões de combate, como as realizadas pela Blackwater, uma empresa de segurança privada, atualmente chamada de Xe (pronuncia-se “Zi”), que prestou serviços para a CIA, a agência de inteligência dos EUA.

Segundo os dados apresentados no livro – resultado de um estudo de sete anos – esse sistema consome, em contratos e subvenções, 82% dos orçamentos bilionários dos departamentos de Defesa e Estado dos Estados Unidos, e 96% do orçamento da Usaid, a agência de incentivo ao desenvolvimento do governo americano.

Nesta entrevista a ÉPOCA, Allison Stanger explica como a terceirização, além de criar um poderoso grupo de empresas que lucram com a guerra, influenciou a política externa americana e permitiu que os Estados Unidos se tornassem “demasiadamente ambiciosos”.

ÉPOCA – Como a senhora decidiu pesquisar esse tema?
Allison Stanger – Eu percebi determinados padrões a respeito dos gastos do governo, achei que eram interessantes e quis entender porque existiam. Comecei pelos contratos de segurança privados, que estavam aparecendo em diversos lugares, como os Bálcãs e a América Latina. Fui procurar saber então os que essas pessoas estavam fazendo nesses locais e para quem trabalhavam, e descobri que isso era apenas um pequeno pedaço de um problema muito maior.

ÉPOCA – Em que tipos de tarefas as empresas terceirizadas com contratos com o governo americano estão envolvidas?
Allison – Eles estão envolvidos em tudo, e se tornaram absolutamente vitais para a política externa americana, não apenas nas guerras, como no Iraque e no Afeganistão, mas também em nossas iniciativas de fomentar o desenvolvimento. Elas dão segurança às embaixadas americanas, provêem alimentação e uniformes para as tropas, treinam exércitos e polícias estrangeiras, cuidam de projetos de reconstrução pelo mundo, e há ONGs que recebem dinheiro do governo para projetos na África.

ÉPOCA – E qual foi o dado que mais chamou sua atenção?
Allison – O que mais impressiona as pessoas que converso é o tamanho da fatia do negócio política exterior americana nas mãos da iniciativa privada. Houve uma mudança de paradigma na forma como os Estados Unidos conduzem sua política externa, mas isso ocorreu sem que as pessoas percebessem. O dado mais surpreendente é o que mostra qual porcentagem do orçamento do Departamento de Estado e do Pentágono [o Departamento de Defesa dos EUA] são gastos em contratos [terceirizados] e subvenções. Isso chama a atenção porque mostra que não é um assunto periférico, e sim estratégico. É uma grande parte sobre o que os Estados Unidos fazem no mundo.

A terceirização permite que os Estados Unidos entrem em guerras sem instituir uma convocação obrigatória. Sem os terceirizados, a política da guerra seria em algo totalmente diferente

ÉPOCA – Mas a contratação de empresas terceirizadas não é uma novidade na política exterior americana, não é verdade?
Allison – Sim, eles sempre estiveram presentes, desde a Guerra de Independência [1775 a 1783] e a Guerra de Secessão [1861 a 1865], mas o que mudou foi o escopo de sua ação e a dependência criada no Estado americano. É algo sem precedentes, especialmente se comparado com outros países. Essa prática se tornou bastante importante na Guerra do Vietnã [1959 a 1975], mas mesmo então a dimensão era outra. No auge da guerra, as empresas privadas respondiam por 13% da presença americana no Vietnã. Hoje, no Iraque e no Afeganistão, eles formam uma maioria esmagadora.

ÉPOCA – E como a terceirização está modificando a forma como os Estados Unidos conduzem sua política externa?
Allison – O problema maior, que está claro no Iraque e no Afeganistão, é o seguinte: a terceirização permite que os Estados Unidos entrem em guerras sem instituir uma convocação [o serviço militar obrigatório acabou em 1975 nos EUA]. Podemos ter Forças Armadas apenas com voluntários porque usamos os terceirizados, mas, sem eles, a convocação tornaria a política da guerra em algo totalmente diferente. Hoje, é muito fácil ter uma política externa demasiadamente ambiciosa.

ÉPOCA – A senhora escreveu artigos afirmando que boa parte do que é gasto com contratos e subvenções acaba escoando pelos ralos da corrupção. É possível calcular quanto dinheiro foi desperdiçado desde a invasão do Iraque?
Allison – É muito difícil calcular exatamente… O que os Estados Unidos fizeram foi aumentar os gastos de forma desordenada. O governo começou a terceirizar tudo, de qualquer maneira, em uma tentativa de resolver os problemas, sem pensar quais eram as implicações disso, já que quando você entra em uma guerra, você quer vencer. Foram anos simplesmente jogando dinheiro naquele problema, e só agora começamos a ver uma história de fraudes e abusos cometidos no Iraque, e que deve se repetir no Afeganistão. O dinheiro trocar de mãos diversas vezes em outro país de uma maneira pouco transparente é um convite para a corrupção.

Como senador, Barack Obama defendeu uma lei para tornar mais transparentes os gastos do governo com subcontratações. Como presidente, ainda não colocou a lei em prática

ÉPOCA – No histórico discurso de 1961 o então presidente Dwight D. Eisenhower alertou para o perigo da “influência indevida do complexo industrial-militar” na política americana. A terceirização é uma nova forma daquela influência?
Allison – Essa é uma ótima conexão, mas [Thomas L.] Friedman [colunista do jornal The New York Times] deu um nome melhor ao chamar de complexo terceirizado-industrial. Levamos isso a um novo nível. Não devemos nos preocupar apenas com as compras das armas, mas também com quem realiza inúmeros serviços em uma guerra.

ÉPOCA – O problema é que se há companhias que lucram com a guerra, é possível concluir que elas serão favoráveis às invasões...
Allison – Exatamente. É precisamente isso que temos em Washington hoje, um grande e poderoso grupo que lucra quando o país está em guerra. Isso não significa que eles estão na guerra apenas para ganhar dinheiro – muitas pessoas são genuinamente patriotas – mas é algo com o que devemos nos preocupar.

Saiba mais

* »A guerra no Iraque não foi por petróleo
* »Obama envia mais 30 mil soldados para o Afeganistão
* »Por que os EUA estão no Iraque e no Afeganistão
* »A curva errada feita pelos EUA no Afeganistão
* »O drama da violência sexual na guerra
* »Tortura foi usada para tentar justificar invasão do Iraque

ÉPOCA – Ao terceirizar determinados serviços de segurança e militares, como para a antiga Blackwater, os Estados Unidos não estão abrindo mão do monopólio do uso legítimo da força pelos Estados?
Allison – Sim, esse é um ponto muito importante. [O sociólogo alemão] Max Weber disse que o Estado é a entidade que tem esse monopólio do uso legítimo da força, mas ao mandar empresas de segurança terceirizadas para zonas de guerra, os Estados Unidos estão dizendo que atores privados têm o direito de usar a força. E o que mais me perturba é que é exatamente isso que os terroristas querem!

ÉPOCA – O que é possível fazer para reverter esse processo?
Allison – Eu defendo a proibição total do uso de terceirizados armados em zonas de guerra. Isso não pode ser feito de uma hora para outra, mas pode ser definido como um objetivo do governo. E a outra coisa é insistir para que as leis sejam cumpridas. Enquanto era senador, o presidente [dos Estados Unidos, Barack] Obama defendeu a lei de Transparência e Responsabilidade no Financiamento Federal, que determinava que o governo publicasse, em janeiro de 2009, todas as informações a respeito de subcontratações. E ele ainda não fez isso. É preciso insistir na busca de transparência. Isso vai resolver muitos problemas.

ÉPOCA – A senhora acha que a terceirização em si é uma coisa ruim ou há um lado positivo?
Allison – O problema é a terceirização estar associada com a guerra. Eu defendo que existe a terceirização boa e a terceirização ruim. A boa é aquela com foco no desenvolvimento. É uma forma de levar a tomada de decisões para o nível local, de saber o que as pessoas e países necessitados precisam, em vez de simplesmente dizer o que eles deveriam querer, uma coisa que os Estados Unidos fizeram muito. Não sou contra a terceirização em geral porque ela é uma forma inovadora de fazer diferença no mundo.
Faça seu comentário | Leia os comentários | Compartilhe | Imprimir | RSS | Celular |
Comentários

*
Mendes | BA / Itaberaba | 06/01/2010 00:27
OS CUIDADOS DO BRASIL
Por que será que o governo brasileiro nas últimas décadas busca ficar bem na foto perante a comunidade internacional? Talvez esta seja a melhor arma de defesa contra as invasões americasnas, principalmente agora em que nosso recursos naturais despertam a ganância externa.
*
Lázaro Dantas | DF / Brasília | 05/01/2010 11:22
LIMPANDO AS MÃOS
Impressionante! As autoridades americanas agora terceirizam guerras, assassinatos. É a síndrome de velho oeste dos EUA. Eu mato, ele mata e nós matamos; Ou será nos matamos?
*
André Azevedo | RJ / Rio de Janeiro | 05/01/2010 11:09
AS SUSPEITAS SE CONFIRMAM
Impressionante a matéria!! Quando assistimos filmes americanos que abordam o tema, os mais atentos percebem "between the lines" que essa prática é antiga. Os filmes não inventaram as guerras de mercenários, só deram uma roupagem de fantasia para algo real!! Ou seja, essas informações sempre estiveram disponíveis, mas não da maneira covencional. Tá explicada a "coragem" americana em "ajudar" os governos estrangeiros e "salvar" os povos dos regimes opressores! Quanta benevolência! Quanto à postura do atual presidente americano, silente sobre questões que ele próprio defendeu enquanto senador, nos faz lembrar um outro presidente. E será que as coincidências vão permanecer somente na mudança de visão depois que assume o Poder? Pois esse tema é por demais interessante!! Nossas Forças Armadas vêm sendo sucateadas desde ó fim dos governos militares. Portanto, em terra de petróleo abundante, entre outras riquezas, há espaço no discurso e muito interesse, que poderiam justificar a privatização das atividades de defesa nacional. Se essa moda pega......
Mais:

» A guerra no Iraque não foi por petróleo
» Obama envia mais 30 mil soldados para o Afeganistão
» Por que os EUA estão no Iraque e no Afeganistão
» A curva errada feita pelos EUA no Afeganistão
» O drama da violência sexual na guerra
» Tortura foi usada para tentar justificar invasão do Iraque
Mundo - NOTÍCIAS - Iraque e Afeganistão: as guerras terceirizadas dos Estados Unidos