sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Para os americanos, deixar o Iraque



23/10/2009
Para os americanos, deixar o Iraque é uma façanha que exige um Exército
The New York Times
Não há sinal maior de que os Estados Unidos estão deixando a guerra do Iraque para trás do que a colossal operação para retirada de seus materiais: 20 mil soldados, quase um sexto da força local, designados para um esforço logístico focado em desmantelar cerca de 300 bases e embarcar de volta 1,5 milhões de peças de equipamentos, de tanques a máquinas de café.

Trata-se da maior movimentação de soldados e material em mais de quatro décadas, segundo os militares.
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Diante de plateia composta por militares em base na Carolina do Norte, o presidente dos EUA, Barack Obama, anuncia seu plano para a retirada de tropas do Iraque, em fevereiro deste ano
Por si só, uma retirada como essa já seria intimidante, mas é ainda mais complicada por causa dos ataques de uma insurgência que permanece ativa; as sensibilidades do governo iraquiano a respeito de uma presença visível dos EUA; desacordos com os iraquianos sobre o que será deixado para eles; e considerações sobre quais equipamentos são urgentemente necessários no Afeganistão.

Por todo o tempo, o exército precisa manter sua força atual de 124 mil tropas ao longo do país, transportando combustível, alimentos e outros suprimentos essenciais, enquanto determina o que deixar para os 50 mil soldados que permanecerão no local, num papel principalmente de aconselhamento, até 2011.

"É um verdadeiro cubo mágico", disse o brigadeiro-general Paul L. Wentz, comandante dos soldados de logística do exército, durante uma entrevista realizada neste enorme complexo militar ao norte de Bagdá, que servirá como centro de comando para o esforço de retirada.

Porém, assim como o desenvolvimento no deserto kuaitiano - antes da invasão de 2003 - deixou claro que os Estados Unidos estavam quase certos que iriam à guerra, as preparações para a retirada apontam com a mesma clareza para o final do papel militar dos americanos por aqui. Reverter este processo, mesmo se a relativa estabilidade no Iraque se deteriorar em violência, fica mais difícil a cada dia que passa.

A escala da retirada é impressionante. Considere uma comparação com a primeira Guerra no Golfo Persa, em 1991: ela durou 1.012 horas, ou cerca de seis semanas, e quando acabou, o tenente-general William G. Pagonis, responsável pelas operações logísticas do exército na ocasião, escreveu um livro, "Movendo Montanhas" (Harvard Business Press Books, 1992), sobre os desafios de mover soldados e equipamentos para dentro e para fora do palco.

Ele afirmou que a tarefa era o equivalente a mover todas as pessoas do Alasca, com seus pertences, ao outro lado do mundo, "sem aviso prévio".

A atual guerra no Iraque durou mais de 57 mil horas, ou mais de seis anos e meio. Agora, o filho de Pagonis, o Coronel Gust Pagonis, é um dos principais especialistas em logística designados com a tarefa de descobrir como resgatar a América do meio do deserto.

"Quando disse a meu pai qual era minha missão, ele apenas riu e disse boa sorte", contou Pagonis.

Soldados americanos se preparam para retirada das tropas dos EUA de cidades iraquianas





Uma redução substancial nas tropas não está agendada para ter início até depois das eleições nacionais, em janeiro. Todavia, as preparações para essa retirada podem ser vistas nas estradas de todo Iraque, com uma média de 3.500 caminhões por noite atravessando o país em missões de apoio e redisposição.

Em grande parte, os militares já identificaram quais materiais não são mais essenciais, e começaram a retirá-los do país, em alguns casos para o Afeganistão. Por exemplo, madeira, munição e barreiras usadas para defesa contra carros-bomba são todos desesperadamente necessários em território afegão, e conforme as bases são desmontadas aqui, esses itens estão entre aqueles enviados para a luta de lá, afirmam os comandantes.

Em agosto, cerca de três mil contêineres de embarque e dois mil veículos foram enviados para fora do Iraque, e os envios pesados estão apenas começando.

"Quando as equipes de combate de brigada saírem, quero estar numa posição onde eu não tenha de lidar com o equipamento e o material em excesso ao mesmo tempo", disse Wentz. Numa sala de conferências da base, dúzias de soldados monitoram os movimentos de cada caminhão americano no país em duas enormes televisões de tela plana, usando tecnologia GPS e comunicação via rádio, para obter informações atualizadas sobre ataques e o progresso dos comboios. Cada movimento é planejado com 96 horas de antecedência para dar tempo à ensaios e reajustes.

Conforme o ritmo da retirada é acelerado, o exército dos EUA também precisa acalmar as preocupações dos políticos iraquianos, que querem uma discrição maior das tropas americanas - assim, a maioria das missões precisa ser realizada na escuridão da noite.

Os americanos esperam, até a próxima primavera, estar operando o que descrevem como um sistema "hub-and-spoke", com seis bases muito grandes e 13 menores. Menos bases significam viajar maiores distâncias, sofrendo maiores riscos.

"A distância entre dois pontos não fica mais curta", disse Gust Pagonis, afirmando que os técnicos em logística sob seu comando - conhecidos como "loggies" - também são guerreiros. Entregar as antigas bases aos iraquianos, e decidir o que dar a eles, provou estar entre os maiores desafios.

Até maio, não havia nenhum sistema nem mesmo para definir quem era legalmente o dono da propriedade onde os americanos haviam montado acampamento. Isso levou a cenas como a do Forward Operating Base Warhorse, onde um comandante iraquiano local apareceu e essencialmente exigiu alguns itens que os americanos não estavam prontos para entregar.

Assim, na última primavera, foram organizados painéis formados por autoridades iraquianas e dos Estados Unidos para ajudar a definir algumas dessas questões.

O Congresso dos Estados Unidos limitou o valor total de equipamentos - como computadores, telefones e mobiliário - que o exército pode deixar aos iraquianos em aproximadamente US$15 milhões por base, mas essa quantidade não inclui itens considerados parte da infra-estrutura, como prédios, sistema de esgotos e estações de energia.

Até mesmo chegar a um valor para alguns dos investimentos dos EUA é difícil, pois em muitos casos os custos iniciais foram inflados por grandes desperdícios para segurança. Os comandantes dizem que muitas vezes é simplesmente mais econômico entregar equipamentos aos iraquianos, pois o custo de mudança é proibitivo.

Em setembro, o exército anunciou o fim de suas operações de detenção em Camp Bucca, na fronteira com o Kuwait, e disse que o equivalente a US$50 milhões em infraestrutura e equipamentos seria dado aos iraquianos.

Os Estados Unidos também fecharam um contrato com uma rede iraquiana de transportes, comandada por uma coalizão de xeiques tribais, para transportar equipamentos que não são considerados sensíveis entre as bases. Os transportadores atualmente levam 3% de todos os materiais americanos aqui, segundo os comandantes.

Os comandantes também disseram que iriam olhar de perto as eleições de janeiro, o que dirão a respeito da confiabilidade nas forças de segurança do Iraque e a direção que o país está tomando. Entretanto, para os autores do plano de retirada, não há tempo para esperar para ver.
Soldados americanos se preparam para retirada das tropas dos EUA de cidades iraquianas

"Você não pode ficar esperando pelo momento certo", disse o brigadeiro-general Heidi Brown, subcomandante encarregado de supervisionar a retirada. "Isso não lhe dá flexibilidade. Isso apenas o coloca dentro de uma caixa".
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2009/10/23/ult574u9761.jhtm

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Ataque da Otan deixa ao menos quatro mortos

16/10/2009 - 09h40
Ataque da Otan deixa ao menos quatro mortos no Afeganistão
Ao menos dois supostos insurgentes, uma mulher e uma menina morreram nesta sexta-feira durante uma ofensiva militar da polícia afegã e das tropas internacionais contra alvos do grupo islâmico radical Taleban na Província afegã de Ghazni, informou o comando militar dos Estados Unidos.

Segundo um comunicado, uma força conjunta da polícia afegã e das forças de segurança estrangeiras lançou uma operação contra um edifício utilizado por insurgentes para organizar ataques armados. Os insurgentes abriram fogo contra as tropas, que responderam ao ataque matando dois deles.

Quando os militares entraram no edifício, encontraram uma mulher e uma menina que morreram por causa dos ferimentos sofridos na troca de tiros.

De acordo com a versão militar, não foi possível esclarecer se as vítimas civis morreram por causa de fogo taleban ou por causa dos disparos das tropas.

A morte das duas causou um protesto de um grupo de cerca de cem moradores locais que marcharam pela vila gritando frases como "Morte à América" e "Morte à Hamid Karzai".

A morte de civis nas operações da coalizão internacional é uma das maiores preocupações dos Estados Unidos, já que alimenta a rejeição à guerra entre a população afegã.

Mais de 1.500 civis morreram vítimas da violência no Afeganistão neste ano, segundo números da ONU (Organização das Nações Unidas). A organização diz que 68% das mortes são resultado de ataques militantes e outros 23% resultado de ataques das forças afegãs e estrangeiras.

O comandante das forças dos EUA no Afeganistão, general Stanley McChrystal, afirmou em relatório entregue recentemente ao governo que, ao causar a morte de civis e danos colaterais "desnecessários", pode perder a batalha contra o Taleban.

"Nós corremos o risco de uma derrota estratégica ao tentar utilizar táticas que causam morte de civis ou dano colateral desnecessário. Os insurgentes não podem nos derrotar militarmente, mas nós podemos causar nossa própria derrota", disse McChrystal, que é comandante também das forças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no país.

Com agências internacionais
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u638883.shtml

EUA condicionam decisão sobre tropas


18/10/2009 - 20h09
EUA condicionam decisão sobre tropas no Afeganistão a definição eleitoral
O governo dos Estados Unidos decidiu adiar qualquer decisão sobre o possível envio de mais tropas para ajudar na segurança do Afeganistão a uma definição sobre o quadro eleitoral após as denúncias de fraude no primeiro turno das eleições presidenciais, em agosto.

Rahm Emanuel, chefe de gabinete do presidente Barack Obama, disse em uma entrevista à TV nos Estados Unidos que seria "precipitado" tomar uma decisão dessa magnitude sem uma análise profunda do novo governo, para determinar se é "um parceiro verdadeiro".

Os comentários se seguem às declarações feitas pelo senador democrata John Kerry, presidente da comissão de relações exteriores do Senado, de que seria irresponsável os Estados Unidos aumentarem seu efetivo militar no país enquanto os resultados das eleições permanecem em dúvida.

Os Estados Unidos vêm discutindo a possibilidade de enviar mais 40 mil soldados ao Afeganistão. Os Estados Unidos e a Otan já comandam mais de 100 mil soldados estrangeiros no país.

Kerry, que esteve no fim de semana em Cabul, é uma das várias autoridades ocidentais que nos últimos dias vêm pressionando o presidente Hamid Karzai a aceitar a realização de um segundo turno das eleições presidenciais.

Além do senador democrata, a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, o ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, e o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Gordon Brown, também mantiveram contatos com Karzai nos últimos dias.

As pressões ocorrem em meio a evidências de que Karzai pode não ter conseguido mais de 50% dos votos, necessários para evitar uma nova votação.

Investigações

Os resultados das investigações sobre as denúncias de fraudes no pleito do dia 20 de agosto, que devem ser divulgados nos próximos dias, devem indicar que a votação de Karzai ficou pouco abaixo dos 50%.

Os resultados preliminares divulgados pela Comissão Eleitoral Independente (CEI) davam a Karzai 55% dos votos, contra 28% para seu rival mais próximo, Abdullah Abdullah.

Em entrevista à CNN, Emanuel disse que os Estados Unidos querem primeiro estar seguros de que o governo afegão é capaz de se tornar um "parceiro verdadeiro", capaz de governar o país.

"Seria precipitado tomar uma decisão sobre o nível da presença militar americana se, de fato, não tivermos uma análise profunda sobre se há um parceiro afegão pronto para preencher o espaço que as forças dos Estados Unidos criariam e que se torne um verdadeiro parceiro para governar o país afegão", disse.

O general americano Stanley McChrystal, comandante das forças dos Estados Unidos e da Otan no Afeganistão, recomendou o envio de mais soldados para o país.

Mas Emanuel disse que o número de soldados americanos no país é uma questão secundária à questão sobre se eles trabalharão ou não ao lado de um governo afegão efetivo
http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u639775.shtml

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Saddam Hussein








Saddam Hussein Abd al-Majid al-Tikriti, em árabe صدام حسين (Tikrit, 28 de Abril de 1937 — Bagdad, 30 de Dezembro de 2006) foi um político e estadista iraquiano, e uma das principais lideranças ditatoriais no mundo árabe. Foi presidente do Iraque no período 1979–2003, acumulando o cargo de primeiro-ministro nos períodos 1979–1991 e 1994–2003.

Saddam Hussein nasceu na aldeia Al-Awja, pertencente à cidade muçulmana sunita de Tikrit, situada a 150 quilômetros de Bagdá. Nascido no mesmo lugar que o lendário Saladino e descendente de uma família de camponeses. Saddam, ainda na adolescência, se mudou para Bagdá.

Em 1956, aos dezenove anos, aderiu ao Partido Socialista Árabe Ba'ath (fundado na Síria por Michel Aflaq) e, no mesmo ano, participou de um golpe de Estado fracassado contra o rei Faisal II. Dois anos depois, participou de outro golpe, dessa vez contra Abdul Karim Qassim, carrasco do monarca e líder do novo regime golpista. Acusado de complô, foi condenado à morte à revelia em fevereiro de 1960, sentença da qual conseguiu escapar fugindo para o Egito e através da Síria, onde as autoridades lhe concederam asilo político.

No Cairo, concluiu seus estudos secundários e foi admitido na Escola de Direito — terminaria a faculdade anos depois, em 1968 —, onde se relacionou com jovens membros do Partido Ba'ath egípcio, de inspiração esquerdista e pan-árabe. Acabou sendo perdoado e voltando a Bagdá após a revolução liderada pelo partido Ba'ath em fevereiro 1963. Saddam assumiu o comando da organização militar do partido. No ano seguinte, voltou à prisão, que só deixaria três anos depois.




[editar] Aspectos de família
O presidente iraquiano se casou duas vezes: em 1963, com sua prima de sangue Sajida Khairallah, filha do tio que o adotou e com quem teve dois filhos e três filhas, Raghad, Rana e Hala — que após o desmoronamento do regime foram acolhidas pelo rei Abdullah II da Jordânia —; e em 1988, com uma mulher também de seu clã, Samira Fadel Shahbandar, que lhe deu supostamente outro filhos de nome Ali que atualmente vive em Beirute. Saddam teve também dois filhos varões — Uday e Qusay.

[editar] Ascensão ao poder
Conhecido por admirar o ex-presidente soviético Josef Stalin, Saddam nunca foi um ideólogo, mas apelou muitas vezes ao nacionalismo árabe, ao Islã e ao patriotismo iraquiano para cimentar sua liderança.

Embora o revolucionário Ba'ath, o qual combinava o pan-Arabismo secular com a modernização econômica e o socialismo, tenha sido momentaneamente derrubado e Saddam, figura influente no partido, mandado para a prisão, o partido protagonizou outro golpe em 1968, e desta vez tomou o poder sem derramar uma gota de sangue. O ditador de Bagdad começara sua carreira no Partido Ba'ath e chegou à chefia da polícia secreta iraquiana do serviço secreto, a terrível Mukhabarat.

[editar] Vice-presidente

Bustos de bronze da Saddam.Em novembro de 1969, Saddam foi nomeado vice-presidente do Conselho do Comando Supremo da Revolução, tornando-se assim o "número dois" do regime, depois do presidente general Al-Bakr, que era seu parente.

Como vice-presidente do Iraque durante o governo do idoso e frágil General Ahmed Bakr, Saddam controlou firmemente o conflito entre os ministérios governamentais e as forças armadas numa altura em que muitas organizações eram consideradas capazes de derrubar o governo, criando um aparelho de segurança repressivo. O novo regime logo se aproximou da União Soviética e em 1972 um Tratado de Amizade e Cooperação foi assinado entre os dois países. Depois, também foram selados acordos com a Alemanha Ocidental, o Japão e os Estados Unidos.

A economia do Iraque cresceu a um ritmo forte na década de 1970. Saddam destacou-se por investir pesado em saúde e em educação. Devido ao sucesso do programa, o número de matrículas acabou batendo recorde, e Saddam recebeu um prêmio da Unesco em 1977.

[editar] Presidente

Carlos Cardoen num encontro com o líder iraquiano Saddam Hussein."No final dos anos 1960 e início dos anos 1970, como vice-presidente do Conselho do Comando Revolucionário, formalmente o segundo em comando da al-Bakr, , Saddam construiu uma reputação como um politico progressista e eficaz [17]. Neste momento, Saddam subiu na hierarquia do novo governo auxíliando nas tentativas de reforçar e unificar o partido Ba'ath e tendo um papel preponderante na resolução dos grandes problemas internos do país e à expansão dos seguidores do partido .

"Após os Baathists tomarem o poder em 1968, Saddam se concentrou em atingir a estabilidade em um país cheio de profundas tensões. Muito antes de Saddam, o Iraque havia sido dividido ao longo das linhas: social, étnica, religiosa, económica: xiita contra sunitas, árabes versus Kurd, chefe tribal versus comerciante urbano,nômade versus camponeses. [18] Um governo estável em um país repleto de faccionismo exigia tanto repressão maciça quanto melhoria dos padrões de vida.

Saddam promoveu ativamente a modernização da economia iraquiana, juntamente com a criação de um forte aparato de segurança para evitar golpes na estrutura do poder e insurreições . Sempre preocupado em ampliar sua base de apoio entre os diversos elementos da sociedade iraquiana e mobilizando o apoio popular, ele seguiu de perto a administração dos programas de bem estar social e desenvolvimento.

No centro desta estratégia estava petróleo do Iraque. Em 1 de junho de 1972, Saddam supervisionou a estatização dos interesses internacionais do petróleo, que, na época, dominavam o sector petrolífero do país. Um ano mais tarde, os preços mundiais do petróleo subiu drasticamente, como resultado da crise energética de 1973 a receita do país cresceu assustadoramente o que permitiu Saddam expandir sua agenda.

Dentro de apenas alguns anos, o Iraque estava prestando serviços sociais que eram sem precedentes entre os países do Médio Oriente. Saddam estabeleceu e controlou a "Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo" e campanha de "Educação obrigatória gratuita no Iraque, e em grande parte sob a sua égide, o governo estabeleceu escolarização universal gratuitos do mais alto níveil de ensino; centenas de milhares aprenderam a ler nos anos seguintes ao início do programa.

O governo também apoiou famílias dos soldados, concedeu hospitalização gratuita para todos, e deu subsídios aos agricultores. Iraque criou um dos mais modernizados sistemas de saúde público e no Oriente Médio, Saddam ganhou um prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). [20] [21]"

Para diversificar a enorme "oleo-baseada" economia Iraquiana, Saddam implementou uma campanha de infra-estrutura nacional a qual fez grandes progressos na construção de estradas, a promoção da mineração, e desenvolvimento de outras indústrias. A campanha do Iraque revolucionou indústrias energéticas. A electricidade foi levada para quase todas as cidades no Iraque e em muitas regiões periféricas.

Antes da década de 1970, a maior parte dos Iraquianos viviam no campo, onde ele próprio Saddam nasceu e foi criado, e cerca de dois terços eram camponeses. Mas esse número diminuiria rapidamente durante a década de 1970 porque o país investiu muito dos seus lucros do petróleo em expansão industrial.

Depois de nacionalizar os interesses das petrolíferas estrangeiras , Saddam supervisionou a modernização do campo, a agricultura mecanizada em grande escala e distribuição de terras aos camponeses. [11] Os Ba'athists estabeleceram cooperativas agrícolas, em que os benefícios foram distribuídos de acordo com o merecimento individual e os trabalhadores não qualificados foram treinados. O governo também duplicou despesas para o desenvolvimento da agricultura em 1974-1975. Além disso, a reforma agrária no Iraque melhorou o nível de vida do camponeses e o aumento da produção.

Aos olhos de muitos iraquianos Saddam se tornou pessoalmente associado com os programas Ba'athistas de desenvolvimento económico e bem-estar, alargando o seu dominio tanto dentro de sua base tradicional, como entre os novos setores da população. Estes programas eram parte de uma combinação de "cenoura e pau" táticas de reforçar o apoio da classe trabalhadora, o campesinato, dentro do partido e da burocracia governamental.

A proeza organizacional de Saddam fez com que o Iraque se desenvolvesse em ritmo acelerado na década de 1970, o desenvolvimento foi tão grande que dois milhões de pessoas de outros países árabes, Yugoslávia e até mesmo o Brasil(Mendes Junior) trabalhou no Iraque para satisfazer a crescente procura de trabalho.

Para a consternação dos islâmicos conservadores, o governo de Saddam deu às mulheres mais liberdades e ofereceu-lhes alto nível de empregos no governo e na indústria. Saddam também criou um sistema jurídico no estilo ocidental,fazendo do Iraque, o único país na região do Golfo Pérsico que não era governado de acordo com a lei islâmica (Sharia). Saddam aboliu os tribunais Sharia,com exceção para os casos de danos pessoais .

Em 16 de julho de 1979, o presidente Al-Bakr renunciou por motivos de saúde. Saddam assumiu então os títulos de chefe de Estado, presidente do Conselho do Comando Supremo da Revolução, primeiro-ministro, comandante das Forças Armadas e secretário-geral do partido Ba'ath. Quinze dias depois, uma conspiração surgida entre os membros do partido do recém-nomeado líder máximo do Iraque terminou com a execução de 34 pessoas, entre elas membros do Exército e alguns dos mais íntimos colaboradores de Saddam Hussein.

Saddam logo cercou-se imediatamente de uma dezena de oficiais leais, os quais colocou em cargos de responsabilidade. É então que o poder se torna verdadeiramente autocrático, com os primeiros anos de governo do auto-intitulado El-Raïs el-Monadel (o Presidente Combatente) a serem marcados pela execução de centenas de oposicionistas e a morte de 5.000 curdos em Halabja, em conseqüência da intoxicação provocada pelas bombas de gás Tabun lançadas pela aviação iraquiana.

[editar] Alegado antepassado de Saddam
Saddam Hussein ganhou espaço nos noticiários contemporâneos quando alegou ser descendente direto de Nabucodonosor II, auto-proclamando-se reencarnação literal dele.

[editar] Saddam presidente: as Guerras do Golfo
Tendo sido ardoroso fã de Stalin na adolescência, como presidente, Saddam acabou por desenvolver um culto à personalidade característico do regime comunista de Stalin. Cartazes com retratos seus espalhados por ruas e avenidas de todo o Iraque, criação de uma imagem de islamita devoto e bom pai de família (embora fosse considerado um cético do ponto de vista religioso e apreciasse bebidas alcoólicas proibidas pelo Islão), eliminação violenta de toda a oposição política, censura à imprensa Saddam acabou por parecer, aos olhos do iraquiano comum, como o retrato da autoridade infalível, ainda que tirânica.

E como todo tirano, Saddam Hussein sempre temia que inimigos políticos o derrubassem. Construiu 23 palácios para uso pessoal, todos permanentemente vigiados, jamais dormia duas noites seguidas no mesmo local e jamais ingeria comida que não tivesse sido testada e provada por gente de sua confiança.[carece de fontes?]

A ambição de Saddam por tornar-se o líder mais poderoso do Oriente Médio o levou a declarar guerra ao Irã dos aiatolás. Nessa época, inclusive, ele chegou a receber apoio norte-americano, uma vez que os EUA temiam as conseqüências da ascensão da Revolução Islâmica na região. Usando como pretexto a disputa por poços de petróleo, as relações entre Irã e Iraque deterioraram-se rapidamente.

[editar] Primeira Guerra do Golfo: Guerra Irã-Iraque
Em 1979, o Xá do Irã Mohammad Reza Pahlavi foi derrubado pela Revolução Islâmica, dando lugar a uma república islâmica liderada pelo Aiatolá Khomeini. A influência do Islão xiita revolucionário cresceu deste modo de forma abrupta, particularmente em países com grandes populações xiitas, em especial o Iraque. Saddam receava que as idéias radicais islâmicas, hostis ao seu domínio secular pudessem alastrar no seu país, entre a população xiita (a maioria da população do Iraque).

Havia também o antagonismo entre Saddam e Khomeini desde a década de 1970. Khomeini, que tinha partido para o exílio do Irã em 1964, viveu no Iraque, na cidade santa xiita de An Najaf. No Iraque, ele ganhou influência entre os xiitas iraquianos e ganhou seguidores. Sob pressão do Xá, que tinha acordado uma aproximação diplomática com o Iraque em 1975, Saddam expulsou Khomeini em 1978. Após a revolução islâmica, Khomeini teria considerado derrubar o regime de Saddam.

Após a tomada do poder de Khomeini no Irã, ocorreram pequenos incidentes de confrontação militar na fronteira, durante 10 meses, no canal de Shatt al-Arab, que ambas as nações reclamavam para si.

Iraque e Irã iniciaram a guerra aberta em 22 de Setembro de 1980. O pretexto para as hostilidades foi a disputa territorial. Saddam foi no entanto apoiado pelos Estados Unidos, pela União Soviética e por vários países árabes, todos eles desejosos de impedir a expansão de uma possível revolução moldada no Irã.

Saddam conduziu a Guerra contra o Irã entre 1980 e 1988. Contou com o apoio dos Estados Unidos, então governado por Ronald Reagan, que esperava a derrocada dos xiitas iranianos e de seu líder espiritual, o aiatolá Khomeini. Recebeu também o apoio do Kuwait, da Arábia Saudita e outras nações árabes, muitas delas igualmente preocupadas com a ameaça de uma igual revolução islâmica como a do Irã em seus territórios. No conflito, durante o qual Saddam aumentou a importação de armas do Ocidente, foram utilizados gases tóxicos na frente de batalha e estreitados os laços com os regimes árabes moderados. A guerra entre os dois países durou oito anos (o cessar-fogo foi assinado em 20 de agosto de 1988) e nela morreram mais de um milhão de pessoas. Não houve vencedor declarado, e a guerra levou o país a sérias dificuldades econômicas.

[editar] Segunda Guerra do Golfo: Kuwait

Donald Rumsfeld e Saddam Hussein.Em 2 de agosto de 1990, apenas dois anos depois do fim da disputa, tropas iraquianas, seguindo ordens de Saddam Hussein, invadiram e anexaram ao território iraquiano o vizinho emirado do Kuwait, país que mais ajudou financeiramente o Iraque durante a guerra com o Irã. Mas nesse período, o Kuwait frustrava os desejos iraquianos na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de diminuir a produção para que o preço do barril no mercado aumentasse.

No início de 1991, uma coligação internacional dirigida pelos Estados Unidos (então governado por George Bush) obrigou o Iraque a retirar-se do Kuwait. As tropas da coligação detiveram-se na fronteira entre o Kuwait e o Iraque.

Vencido pelos aliados ocidentais, Hussein teve que aceitar o embargo econômico imposto a seu país pela ONU, organismo que, ao mesmo tempo, fez um acordo para inspecionar e desmantelar o programa armamentista (biológico e químico, especialmente) do país. Foi criado o programa "Oil for food" ("Petróleo por Comida").

Terminada a guerra, Saddam ainda teve que enfrentar as revoltas xiita e curda no Iraque, que não titubeou em reprimir duramente. Entre 1991 e 1992, EUA, Reino Unido e França estabeleceram, sem o respaldo de uma resolução da ONU, duas regiões de exclusão aérea — ao norte do paralelo 36 e ao sul do paralelo 32 - com o objetivo declarado de proteger a população curda e xiita.

A proibição dos aliados foi permanente fonte de conflitos desde sua entrada em vigor, terminando com a derrubada de alguns aviões dos dois lados, somados aos duros efeitos do embargo econômico que tentaram suavizar com o programa "Petróleo por Comida".

Nem a debilitada situação econômica nem o pós-guerra comprometeram o êxito de Hussein nas urnas, e, em 15 de outubro de 1995, o presidente iraquiano obtinha o apoio de 99,96% da população num plebiscito, o primeiro da história do Iraque, sobre sua continuidade no poder até 2002.

Dois meses antes, Saddam enfrentara a traição dos maridos de duas de suas filhas e íntimos colaboradores, Hussein Kamel e Saddam Kamel al-Majid, que em agosto de 1995, após se desentenderem com Uday, abandonaram o país e foram para a Jordânia levando os segredos do programa de armas proibidas do Iraque. A recusa dos países ocidentais em conceder asilo político aos dois genros de Saddam, apesar da oferta de informação militar secreta, precipitou o retorno deles, com as filhas e os netos do ditador, a Bagdá em fevereiro de 1996, com a promessa de perdão por parte de Saddam. Três dias depois da chegada, morreram numa invasão que também matou o pai dos traidores e outros parentes.

[editar] A Terceira Guerra do Golfo: Guerra do Iraque
Durante os anos 90, a ONU exigiu a eliminação das supostas armas de destruição de massa, que o Iraque sempre negou ter. A população do país foi castigada pelas duras sanções econômicas impostas pelas Nações Unidas. Em 1997, começaram as desavenças do regime com a UNSCOM, comissão da ONU encarregada de supervisionar o desarmamento do Iraque - por causa da suspeita de que país buscava armamento químico e nuclear -, o que se prolongaria por seis anos e que serviria de pretexto para os Estados Unidos invadirem o Iraque. Em 1998, EUA e Reino Unido bombardearam o Iraque, tentando forçar o regime de Saddam a colaborar com as inspeções da ONU.

Em 2001, como uma resposta aos ataques terroristas do 11 de setembro em Nova York e Washington, o presidente dos EUA, George W. Bush, incluiu o Iraque no chamado "eixo do mal", o que abria caminho para a nova campanha militar norte-americana contra o país. Após a campanha afegã contra o regime talibã, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, iniciou a "segunda fase contra o terrorismo internacional".

Bush acusou o Iraque de ter ou desenvolver armas de destruição em massa, contrariando as resoluções da ONU impostas após a Guerra do Golfo, e de manter vínculos com o terrorismo internacional. Saddam Hussein, que negou as acusações, acusou Bush de manipular a suposta ameaça que o Iraque representava para a paz mundial e acrescentou que a única coisa que Washington buscava no Iraque era o controle do petróleo no Oriente Médio.

Em 2003, George W. Bush moveu contra Saddam uma guerra para tirá-lo do poder, acusando-o de cúmplice no terrorismo antinorte-americano. Em 20 de março, a coalizão anglo-americana iniciou a intervenção militar no Iraque com um bombardeio inicial sobre Bagdá. Saddam foi expulso do poder pelas tropas estado-unidenses e britânicas numa guerra não autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU. Sua retirada do poder, porém, não significou paz para o Iraque, mas sua definitiva conflagração.

O paradeiro de Saddam foi desconhecido durante vários meses até que, em 4 de abril, a televisão iraquiana mostrou o ex-ditador, cercado de aliados seus, passeando pelas ruas da cidade. Em 8 de abril, um dia antes de as forças americanas atingirem o coração de Bagdá, um bombardeiro B-1 lançou quatro bombas de perfuração de bunkers contra um edifício da capital iraquiana, onde se acreditava que Saddam Hussein estivesse reunido com outros hierarcas do regime com o deliberado objetivo de assassiná-lo.

Mas ele conseguiu desaparecer depois que as forças da coalizão invadiram Bagdá, em 9 de abril. Escondido, continuou tentando motivar seus antigos combatentes, que se mostraram mais frágeis do que se imaginava e não resistiram ao poderio militar dos EUA — nem tampouco usaram as supostas armas químicas que motivaram o ataque.

Em 13 de dezembro de 2003, Saddam Hussein foi localizado, militando na resistência à ocupação, e preso num porão de uma fazenda da cidade de Adwar, próxima a Tikrit, sua cidade natal, numa operação conjunta entre tropas estado-unidenses e rebeldes curdos. As tropas encontraram o ex-presidente escondido num pequeno buraco subterrâneo camuflado com terra e tijolos. Embora estivesse armado com uma pistola e duas metralhadoras AK-47, rendeu-se pacificamente após uma suposta patética negociação onde pretendia subornar seus captores com a soma de US$ 750.000 que guardava numa maleta. "Sou o presidente do Iraque e quero negociar", teria proposto, em inglês. Segundo a coligação militar, foi um membro de uma família próxima a Saddam quem o delatou. Um jornal jordano publicou uma versão alternativa da prisão. Saddam teria sido drogado por um parente, que lhe servia de guarda-costas, e vendido aos americanos, em troca da recompensa milionária que era oferecida. A filha Raghad, exilada na Jordânia, diz que com certeza seu pai foi drogado, de outra forma teria lutado como "um leão". Paul Bremer e Tony Blair confirmaram esta notícia.


Saddam barbeado após sua captura por forças norte-americanas.Saddam, que não apresentou resistência alguma, estava sujo e desorientado quando foi capturado. Posteriormente, foi submetido a um exaustivo reconhecimento médico e a um teste de DNA, que confirmou sua identidade. Entre as primeiras imagens transmitidas, algumas mostravam Hussein sendo examinado por um médico militar americano, assim como outras mostravam o local de sua captura. Tais imagens causaram variadas reações pelo mundo, desde aqueles que - tais como grande parte da população americana e até iraquiana — as justificaram por motivos políticos, sociais e militares, até os que (baseando-se em interpretações do direito internacional) argumentaram que as imagens representavam uma violação intolerável à Convenção de Genebra acerca do tratamento a prisioneiros de guerra capturados.

Em 1º de janeiro de 2004, o Pentágono o reconheceu como "prisioneiro de guerra", e, em 30 de junho, transferiu sua custódia judicial ao novo Governo provisório iraquiano.

Durante 24 meses, Saddam permaneceu sob custódia das forças norte-americanas, à espera de ser julgado por um Tribunal Especial iraquiano patrocinado pelos Estados Unidos, que em 19 de outubro de 2005 iniciou o processo contra o ex-ditador e o condenou à morte na forca em 5 de novembro de 2006.

[editar] O julgamento e morte
Ver artigo principal: Julgamento de Saddam Hussein
[editar] Julgamento - aspectos jurídicos

Saddam falando perante o Tribunal.Apesar dos grandes genocídios a ele atribuídos, os defensores de Saddam Hussein argumentam que carecia de neutralidade o julgamento que, segundo eles, deveria acontecer em um tribunal internacional, com juízes de várias nacionalidades. Os apoiantes do julgamento, contudo, defendiam que ele fosse julgado pelo próprio povo iraquiano, o que duvida-se que tenha acontecido, pois o país estava sob ocupação militar e com um governo universalmente reconhecido, tanto por seus adversários como até por seus partidários, como fantoche e o julgamento se deu com as forças de ocupação dando treinamento meticuloso à promotoria e lhe disponibilizado recursos e informações imensamente desproporcionais aos da defesa.

Saddam foi formalmente acusado de genocídio cometido em 1982 (foi acusado de ter ordenado o massacre de 148 iraquianos xiitas em Dujail, após ter sido alvo de um atentado fracassado à sua vida). Como espetáculo mediático, esporadicamente vinham cenas do julgamento sendo-se que o fato de apresentarem-se testemunhos e provas de que o referido massacre aconteceu era aceito como a validar a culpa de Saddam, quando se trataria de ver qual seria sua responsabilidade concreta nos fatos e não a mera constatação de que os mesmos se deram. Recorde-se que o Iraque então estava em uma das guerras mais sangrentas depois da Segunda Guerra Mundial.

O Irã era em 1982, como hoje, uma teocracia xiita e os xiitas são maioria no Iraque, tendo sido o governo de Saddam predominantemente de sunitas, embora fosse um governo laico (não-religioso). Esse atentado à vida de Saddam desse ano, ao que se sabe, foi feito no Iraque por um grupo militante xiita (talvez tido como pró Irã ou pelo Irã patrocinado) em plena guerra Irã-Iraque. Aliás o mesmo grupo militante do presidente xiita do Iraque que, com sua mão e caneta, assinou a pena de morte de Saddam. O julgamento também sequer esclareceu se o massacre foi uma retaliação ao mencionado atentado ou se o atentado foi um estopim de um confronto que já precedia. Se em quase todas as guerras há massacres, tampouco esclareceu-se se este não deveria ser compreendido no contexto dessa guerra, ou seja, uma gota do sangue derramado num conflito que fez milhares de vezes mais mortos e de vítimas que esse massacre.

Recorde-se adicionalmente que Saddam foi durante essa guerra apoiado pelas potências ocidentais o tempo todo, as quais eram então adversárias da república teocrática iraniana, incluíndo precisamente as que compuseram a coalizão invasora de 2003, apoio esse que nunca foi comprometido pelos crimes atribuídos a Saddam, sejam aqueles pelos quais foi julgado, sejam quaisquer outros, acrescentando-se que eram todos eles de conhecimento internacional. Saddam somente cairia em desgraça por invadir o Kuweit e por manter uma postura desafiadora frente Israel e a seus anteriores patrocinadores ocidentais. Essa invasão se deu paradoxalmente sob um pretexto de legalidade: através de documentos falsificados acusou-se o Iraque de ter armas ilegais e mesmo sob as equipes de inspeção da ONU pleiteando mais prazos para inspecionar o país, o Iraque foi invadido ao arrepio de toda lei internacional, com a mesma ilegalidade que este invadira o Kuweit. Posteriormente, o argumento das armas ilícitas foi totalmente desacreditado ficando o motivo da invasão meramente especulativo, se seria este o objetivo humanitário de fazer bem ao Iraque democratizando-o ou demagogia belicosa para se exorcisar a derrota americana no Viet-nam ou vingança de algum tipo ou por interesses estratégicos e econômicos nesse país e região do mundo de importância petrolífera máxima.

O júri foi marcado pelo assassinato de três advogados de defesa, pela troca do juiz-chefe, pelo comportamento rebelde do réu e por sucessivos adiamentos e interrupções. Organizações de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional, condenaram o julgamento, afirmando que ele teve erros e vícios, por ter sido realizado em um país dominado por conflitos sectários.

Em 5 de novembro de 2006, após um julgamento conturbado, o tribunal iraquiano condenou Saddam à pena de morte por enforcamento por crimes contra a humanidade. No dia 26 de dezembro de 2006, um tribunal de apelação do Iraque confirmou a sentença contra Saddam Hussein.

Em sua última carta pública, dita testamento, escrita porque sua “sentença fora proferida por ordem dos inimigos invasores”, Saddam, mostrando valores da paz, respeito e tolerância, despede-se da vida terrena e dos “heróis corajosos e fiéis da nossa resistência, das iraquianas virtuosas e dos filhos da gloriosa nação iraquiana”, pedindo a reconciliação dos iraquianos afundados em conflitos entre sunitas e xiitas e deixando um apelo:

“Peço-lhes, meus irmãos e irmãs: não tenham ódio dos povos dos países que nos atacaram, causaram danos, nos separaram e afetaram a tomada de decisão”. E segue (trechos selecionados): “Paciência, em Deus procuramos conforto e ajuda contra os tiranos. Ofereço minha alma em sacrifício, e Deus Todo Poderoso a levará para onde estão os mártires, pois Deus Glorificado quis mais uma vez que eu estivesse no coração da jihad. Ou que seja feita a Sua vontade, Ele, o Clemente, o Misericordioso. Dele somos e a Ele retornaremos. Não odeiem o ser humano, mas repudiem o mal. (...) Saibam perdoar, pois Deus é clemente e perdoa mesmo sendo superior. Ele nos quer ideal exemplo do amor, do perdão e da fraterna convivência entre si. Que a lei seja seu embasamento e que sejam justos, pois as nações e os povos só crescem com justiça e não com rancores e ilegalidades. Os que se apóiam nos poderosos ocupantes para se sentirem mais fortes que os demais são banais e vis.”

Saddam Hussein, 69, foi entregue aos seus executores iraquianos pelas forças americanas que o custodiavam alguns minutos antes de seu enforcamento no início do dia 30 de dezembro, em Bagdad, gerando posições contrárias de várias instituições internacionais, como a Anistia Internacional, o Vaticano, bem como de vários países. A televisão estatal iraquiana levou ao ar imagens de Saddam Hussein, aparentando estar calmo, conversando com o carrasco que ajeitava a corda em volta de seu pescoço e o encaminhava para o cadafalso. Saddam se recusou a usar o capuz preto na hora da execução, tendo preferido ser enforcado com o rosto à mostra. Segundo o conselheiro da Segurança Nacional do Iraque, Mouwafak al-Rubai, durante a execução estiveram presentes um juiz do Tribunal de Apelação iraquiano, um representante da Promotoria, outro do Governo e "um grupo de testemunhas". Através de um celular foram ilegalmente filmados os instantes finais de Saddam em que se comprova outra versão de que sua execução não foi formal cumprimento de sentença judicial, mas com os presentes fazendo-lhe humilhações e insultos a impedir-lhe que morresse proclamando a oração "Só há um Deus e Muhammad é Seu profeta".

Saddam foi não julgado por genocídio contra os curdos iraquianos nem por quaisquer outros fatos relacionados que lhe pudessem ser imputados. O prosseguimento do julgamento de Saddam, anunciado que continuaria mesmo após a execução, foi suspenso, ficando assim sem julgamento quase a absoluta totalidade dos crimes que lhe foram imputados, passando o assunto da justiça para os historiadores, um dia, quem sabe, estabelecer a verdade.

O ex-presidente iraquiano foi sepultado no dia 31 de dezembro, próximo de sua cidade natal, Tikrit, numa propriedade de sua família, perto dos túmulos de seus dois filhos, Uday e Qusay, mortos pelas tropas de coalizão em julho 2003, vendidos pela recompensa de US$ 15 milhões oferecida por cada um deles, juntamente com seu neto.

Em 2008, a vida de Saddam Hussein foi retratada em uma minissérie britânica, produzida por BBC e HBO, intitulada House of Saddam. Dividida em quatro capítulos, a minissérie exibe a trajetória do ditador, desde sua posse, em 1979, até a queda em 2003, além de seu relacionamento familiar e com seus conselheiros.

[editar] Literatura
Saddam Hussein dedicou-se também à literatura, o primeiro romance, Zabibah e o Rei de 2001, foi um sucesso de vendas e foi igualmente transposto para um musical no Iraque. Mais tarde, terá editado A Fortaleza Inexpugnável, que também a ele é atribuída.[1]

Em 2003 foi publicada a biografia política de Saddam Hussein intitulada Saddam Hussein: A Political Biography escrito por Efraim Karsh e Inari Rautsi.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Saddam_Hussein
FOTO:
1-Foto de Saddam Hussein numa carta de baralho feita pelo governo dos Estados Unidos, com objetivos de humilhação, de um baralho onde constavam outras pessoas chaves do antigo regime
2-Bustos de bronze da Saddam
3-Carlos Cardoen num encontro com o líder iraquiano Saddam Hussein
4-Donald Rumsfeld e Saddam Hussein.
5-Saddam barbeado após sua captura por forças norte-americanas
6-Saddam falando perante o Tribunal.
30/12/2006 - 15h32m - Atualizado em 30/12/2006 - 15h48m

SADDAM OFERECE "SACRIFÍCIO" PELO IRAQUE EM CARTA DE DESPEDIDA
Ex-ditador foi executado na forca neste sábado (30).
Saddam conclamou a nação a não odiar "os povos de outros países".
O ex-ditador iraquiano Saddam Hussein, executado na forca neste sábado (30), disse em carta de despedida divulgada na quarta-feira (27) que sua execução seria um sacrifício para o país, e que os iraquianos devem se unir para combater as forças dos Estados Unidos.

"Ofereço aqui minha alma a Deus como sacrifício, e se quiser Ele a mandará para o céu com os mártires...", disse Saddam na carta manuscrita.

Os advogados disseram que o texto foi escrito logo depois de Saddam ser sentenciado à morte, em novembro, pela morte de 148 xiitas na aldeia de Dujail, onde o ex-ditador sofreu um atentado em 1982.

A rede britânica BBC publicou os principais trechos da carta (em inglês). O original foi escrito em árabe.

Leia abaixo a carta de Saddam Hussein, traduzida pelo G1 a partir do material da BBC:

"No passado, como todos vocês sabem, tomei parte no campo de batalha da jihad.

Deus, louvado seja Ele, desejou que eu enfrentasse isso da mesma maneira e com o mesmo espírito no qual estávamos antes da revolução, mas com um problema que é maior e mais severo.

Oh, meus amados, essa situação dura que nós e nosso grande Iraque estamos enfrentando é uma nova lição e uma nova provação que julgará o povo, a cada um de acordo com suas intenções, de forma que ela se torne um sinal diante de Deus e do povo no presente e depois que nossa situação atual se transforme em história gloriosa.

É, acima de tudo, a fundação sob a qual o sucesso das fases futuras da história poderá ser construído.

Nesta situação, e em nenhuma outra, os verdadeiros são os honestos e fiéis, e os opostos a eles são os falsos.

Quando a gente insignificante usa o poder dado a ele pelos estrangeiros para oprimir seu próprio povo, ela só consegue ser sem valor e simplória. No nosso país, só o bem poderá resultar daquilo que estamos experimentando.

À grande nação, ao povo do nosso país, e à humanidade: muitos de vocês sabem que o autor desta carta é fiel, honesto, preocupado com os outros, sábio, de julgamento sólido, decidido, cuidadoso com a riqueza do povo e do estado... e que seu coração é grande o suficiente para abraçar a todos sem discriminação.

Seu coração sofre pelos pobres e ele não descansa enquanto não ajuda a melhorar a condição deles e cuida de suas necessidades.

Seu coração contém todo o seu povo e toda a sua nação, e ele anseia por ser honesto e fiel, sem fazer diferença entre seu povo, a não ser no que diz respeito a seus esforços, eficiência e patriotismo.

Fala hoje em nome de vocês e dos seus olhos, e dos olhos de nossa ação e os olhos dos justos, o povo da verdade, onde quer que a bandeira deles seja hasteada.

Vocês conhecem bem seu irmão e líder, e ele nunca se curvou aos déspotas e, de acordo com os desejos dos que o amaram, permaneceu uma espada e uma bandeira.

É assim que vocês querem que seu irmão, filho ou líder seja... e os que liderarem vocês no futuro deverão ter as mesmas qualidades.

Ofereço aqui minha alma a Deus como sacrifício, e se quiser Ele a mandará para o céu com os mártires, ou então adiará isso... então sejamos pacientes e confiemos nele contra as nações injustas.

Apesar de todas as dificuldades e tempestades que nós e o Iraque tivemos de enfrentar, antes e depois da revolução, Deus Todo-Poderoso não quis a morte para Saddam Hussein.

Mas, se Ele a quiser desta vez, a vida de Saddam é criação Dele. Ele a criou e protegeu até agora.

Assim, por esse martírio, Ele trará glória para uma alma fiel, pois almas mais jovens que Saddam Hussein partiram nesse caminho antes dele. Se Ele quer martirizá-la, nós agradecemos e damos graças a Ele, antes e depois.

Os inimigos de nosso país, os invasores e os persas, descobriram que nossa unidade é uma barreira entre eles e a nossa escravização.

Eles semearam sua discórdia antiga e nova entre nós.

Os estrangeiros que carregam a cidadania iraquiana, cujos corações estão vazios ou cheios do ódio plantado neles pelo Irã, corresponderam a isso, mas como estavam errados quando pensaram que conseguiriam dividir os nobres de nosso povo, enfraquecer sua determinação e encher os corações dos filhos da nação com ódio uns contra os outros, em lugar do ódio contra seus verdadeiros inimigos, que os levaria numa só direção, a lutar sob a bandeira de 'Deus é grande': a grande bandeira do povo e da nação.

Lembrem-se de que Deus permitiu que vocês se tornassem um exemplo de amor, perdão e coexistência fraterna...

Eu os conclamo a não odiar, porque o ódio não deixa espaço para a justiça e nos torna cegos, fecha todas as portas do entendimento e nos impede de pensar de forma equilibrada e fazer a escolha certa...

Também os conclamo a não odiar os povos dos outros países que nos atacaram, e a diferenciar entre os que tomam as decisões e esses povos...

Todos os que se arrependerem -seja no Iraque ou no exterior- devem ser perdoados...

Vocês devem saber que, entre os agressores, há pessoas que apóiam a luta de vocês contra os invasores, e alguns deles foram voluntários para a defesa legal dos prisioneiros, incluindo Saddam Hussein...

Algumas dessas pessoas choraram muito quando me disseram adeus...

Querido e fiel povo, digo adeus a vocês, mas estarei com o Deus misericordioso que ajuda os que se refugiam nele e que nunca desapontará nenhum crente fiel e honesto... Deus é grande... Deus é grande... Longa vida à nossa nação... Longa vida ao nosso povo grande e lutador...

Longa vida ao Iraque, longa vida ao Iraque... Longa vida à Palestina... Longa vida à jihad e aos mujahideen.

Saddam Hussein
Presidente e comandante-em-chefe das Forças Armadas Mujadi Iraquianas

[Nota adicional]

Escrevi esta carta porque os advogados me disseram que a chamada corte criminal -estabelecida e batizada pelos invasores- permitirá que os chamados réus tenham a chance de uma última palavra.

Mas essa corte e seu juiz não nos deram a chance de dizer uma palavra, e deram seu veredicto sem explicação, e leram a sentença – ditada pelos invasores – sem apresentar provas.

Eu queria que o povo soubesse disso."

Índia culpa Paquistão por atentado

Índia culpa Paquistão por atentado contra embaixada em Cabul
10 de outubro de 2009 • 10h54 • atualizado às 11h04 Comentários
A Índia atribuiu, neste sábado, ao Paquistão o atentado de quinta-feira contra sua embaixada em Cabul (Afeganistão), ao afirmar que os "chefes" dos terroristas "vivem" no país vizinho.

Em nota, a secretária de Assuntos Exteriores da Índia, Nirupama Rao, que desde ontem está na capital afegã para visitar a representação diplomática e se reunir com autoridades locais, destacou o "risco" representado tanto pelos que cometem "semelhantes atos de terror sem sentido" como pelos "chefes" destes, que "vivem do outro lado da fronteira".

Ao todo, 17 pessoas morreram e 63 ficaram feridas no ataque de anteontem, cuja autoria foi reivindicada pela insurgência talibã e o segundo sofrido pela embaixada indiana desde julho de 2008.

Na nota que divulgou, Rao elogia a "coragem" dos guardas da embaixada indiana e expressa suas condolências às famílias das vítimas afegãs, a maioria pedestres.

Segundo a funcionária do Governo indiano, o atentado foi "claramente dirigido aos povos da Índia e do Afeganistão" e teve como objetivo "minar a amizade" entre as duas nações.

A "número três" do Ministério de Assuntos Exteriores da Índia se reuniu em Cabul com o presidente afegão, Hamid Karzai, o chanceler Dafdar Rangeen Spanta e o conselheiro de Segurança Nacional, Zalmai Rassoul.

Os interlocutores de Rao "foram unânimes em sua visão de que o ataque foi cometido por elementos de fora do Afeganistão que tentar causar danos às excelentes relações existentes entre Índia e Afeganistão", segundo a nota oficial.

http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4034246-EI8143,00-India+culpa+Paquistao+por+atentado+contra+embaixada+em+Cabul.html

Paquistão resgata 39 reféns

Paquistão resgata 39 reféns de militantes, mas três morrem
11 de outubro de 2009 • 11h38 • atualizado às 11h51
Forças de segurança paquistanesas invadiram neste domingo um edifício de escritórios e resgataram 39 pessoas tomadas como reféns por suspeitos militantes do Taliban após um atrevido ataque ao quartel-general do Exército.
O ataque de sábado na fortemente armada central do Exército, na cidade de Rawalpindi, que fica perto da capital Islamabad, ocorreu enquanto os militares preparavam uma ofensiva contra os militantes no Waziristão do Sul, reduto dos militantes na fronteira com o Afeganistão.

O ataque no coração do Exército levantou dúvidas sobre as afirmações do governo de que os militantes estavam virtualmente incapacitados devido a recentes derrotas.

Três reféns, dois membros das forças de segurança e quatro militantes foram mortos na operação de resgate, afirmou o porta-voz do Exército, major-general Athar Abbas.

Um militante ferido foi capturado e Abbas afirmou que se tratava do líder do grupo. "Agora não há mais terroristas lá. A operação acabou," disse.

Militantes paquistaneses do Taliban ligados à Al Qaeda lançaram inúmeros ataques nos últimos anos, a maioria contra o governo e forças de segurança, incluindo bombas em Rawalpindi

"Três reféns foram mortos por disparos de militantes, afirmou Abbas.

Em março, homens armados atacaram a equipe de críquete do Sri Lanka enquanto ela se dirigia para uma partida na cidade de Lahore.

A ofensiva contra o Exército ocorreu no final de uma violenta semana no país. Na segunda-feira, um homem-bomba atacou um escritório da ONU (Organização das Nações Unidas) em Islamabad, matando cinco pessoas. Na sexta, outro suspeito homem-bomba matou 49 pessoas em Peshawar.

Os Estados Unidos precisam da ajuda paquistanesa contra militantes que cruzam a fronteira para o Afeganistão para lutar contra as forças lideradas pelos EUA no país.

Em março, militantes chegaram a apenas 100 quilômetros de Islamabad, espalhando preocupações entre os aliados, incluindo os EUA, das perspectivas paquistanesas, além de temores pela segurança do arsenal nuclear do país.


http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4035964-EI8143,00-Paquistao+resgata+refens+de+militantes+mas+tres+morrem.html

Hillary alerta para ameaça

Hillary alerta para ameaça de extremistas ao Paquistão
11 de outubro de 2009 • 08h10 • atualizado às 08h28
A secretária de Estado americana Hillary Clinton disse neste domingo que o ataque contra um quartel no Paquistão, no dia anterior, é prova de uma crescente ameaça contra a autoridade do governo do país. Hillary está em Londres para conversas com o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown e o ministro das Relações Exteriores, David Miliband.

Ela disse que apesar do ataque, os Estados Unidos continuam confiantes a respeito do controle do Paquistão sobre seu arsenal nuclear. "Ontem foi outro lembrete de que extremistas (...) estão cada vez mais ameaçando a autoridade do Estado, mas nós não vemos evidências de que irão tomar o controle do Estado", disse Clinton.

O ministro das Relações Exteriores britânico, David Miliband, disse que o Paquistão enfrenta uma "ameaça mortal", mas que não há risco de que as armas nucleares do país caiam nas mãos de extremistas. Miliband e Hillary disseram que sua disposição conjunta de resolver a luta contra o grupo Talebã é "forte e clara" e que estão determinados a trabalhar em conjunto com o novo governo do Afeganistão.

Sobre o Irã, Hillary alertou que a comunidade internacional não esperará indefinidamente para que o governo iraniano cumpra suas obrigações em relação ao programa nuclear do país, enquanto Miliband disse que o Irã nunca terá uma oportunidade melhor de estabelecer relações normais com o resto do mundo.


Ataque
O ataque de sábado no Paquistão começou com uma tentativa de invasão do quartel nos arredores da capital, Islamabad. Em seguida, dois militantes escaparam e tomaram alguns soldados como reféns. Segundo o Exército, três reféns, dois soldados e pelo menos quatro militantes morreram na operação de resgate. Outros quatro militantes e seis soldados haviam morrido no ataque inicial.

Este foi o mais recente em uma série de ataques no noroeste do Paquistão. Nenhum grupo assumiu a responsabilidade pelo atentado, mas o Talebã vem ameaçando realizar ataques se as operações contra o grupo militante não forem suspensas.

Nos últimos dias, áreas controladas pelo Talebã em regiões tribais foram alvo de ataques aéreos e há informações de que a ofensiva será intensificada. Nesta sexta-feira, pelo menos 50 pessoas morreram em uma explosão na cidade de Peshawar. O ataque ocorreu perto de um mercado lotado.

Na segunda-feira, um suspeito extremista suicida atacou a sede do Programa Mundial de Alimentação da ONU (PMA) na capital paquistanesa, Islamabad, causando a morte de cinco pessoas e deixando vários feridos
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4035773-EI8143,00-Hillary+alerta+para+ameaca+de+extremistas+ao+Paquistao.html

Atentado suicida deixa 41 mortos


Atentado suicida deixa 41 mortos e 45 feridos no Paquistão
12 de outubro de 2009 • 05h46 • atualizado às 15h27
Homem ferido após explosão é levado para uma ambulância no distrito de Shangla, no norte do Paquistão

12 de outubro de 2009

Foto: EFE




Reduzir Normal Aumentar Imprimir Um novo ataque suicida registrado no norte do Paquistão causou a morte de 41 pessoas, a maioria civis, e deixou 45 feridos, um dia depois de o Exército destruir um quartel-general em Rawalpindi, perto de Islamabad, segundo o canal de televisão Dawn. O ataque ocorreu próximo a um mercado no distrito de Shangla, na Província da Fronteira do Noroeste (NWFP), e visava atingir um comboio que passava por um posto de controle.

Shangla faz parte da divisão de Malakand, onde o Exército acabou em julho uma grande operação contra os insurgentes, no vale de Swat. Conforme o ministro da Informação provincial, Mian Iftikhar Hussain, os feridos foram levados para um hospital próximo. As forças de segurança isolaram a área e decretaram toque de recolher na localidade para investigar o atentado, informaram diferentes órgãos de imprensa paquistaneses. Hussain diz que entre os feridos, seis estão em estado grave.

No entanto, entre os mortos, seis eram soldados. O movimento Tehrik-e-Talibã Paquistão (TTP) assumiu a autoria do atentado. Em entrevista em Rawalpindi, o porta-voz militar, Athar Abbas, afirmou que o ataque foi organizado no principal refúgio talibã no Paquistão, na região tribal do Waziristão do Sul. Segundo o canal privado Geo TV, Abbas explicou que o objetivo dos insurgentes era sequestrar altos cargos militares para depois trocá-los por fundamentalistas presos.

"Entregaram uma lista pedindo a libertação de cem pessoas, incluindo nomes de terroristas muito perigosos,", detalhou. Abbas constatou também a presença de terroristas ligados a grupos fundamentalistas punjabis (etnia) no Waziristão. As últimas ações terroristas fizeram aumentar a especulação sobre o início de uma grande operação militar contra a insurgência no Waziristão.

Nesta segunda-feira, o canal privado Geo TV informou a morte de 12 supostos fundamentalistas em bombardeios das forças de segurança em outra área tribal fronteiriça com o Afeganistão, Bajaur, informação que os porta-vozes militares consultados pela Agência Efe não confirmaram.

Por causa da morte em agosto do líder do TTP, Baitulá Mehsud, e da disputa interna pela liderança talibã, o número de atentados tem diminuído. O novo chefe dos fundamentalistas no Paquistão, Hakimulá Mehsud, advertiu recentemente que novos ataques serão realizados no Paquistão e no Afeganistão. Apesar da investida, ainda são frequentes os combates com os talibãs na área.

Este foi o quarto atentado registrado no Paquistão em só uma semana, após um período de calmaria na atividade terrorista. Na sexta-feira passada, um ataque suicida matou 53 pessoas em uma área comercial de Peshawar, capital da NWFP. Dias antes, outra ação suicída contra um escritório da ONU causou mais cinco mortes em Islamabad.

http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4036784-EI8143,00-Atentado+suicida+deixa+mortos+e+feridos+no+Paquistao.html

Exército mata cinco insurgentes

Exército mata cinco insurgentes em Swat após atentado
13 de outubro de 2009 • 12h24 • atualizado às 12h28
O exército paquistanês matou nesta terça cinco insurgentes em ofensivas lançadas de diversos pontos do vale de Swat, um dia depois de 48 pessoas morrerem, entre elas soldados, em um atentado suicida.

Em comunicado, o comando militar detalhou que um pequeno campo de treinamento dos fundamentalistas formado por quatro túneis na região de Baro Kandao foi destruído.

As tropas prenderam cinco insurgentes e outros 33 se entregaram às autoridades, segundo a nota.

O Exército iniciou no final de abril uma grande operação contra a insurgência talibã em Swat e outras demarcações setentrionais, onde 1,7 mil fundamentalistas e 200 soldados acabaram mortos, segundo dados militares.

Com a ofensiva de julho, o comando militar deu por concluído o grosso da operação e iniciou o processo de retorno dos 2 milhões de civis deslocados pelo conflito.

No entanto, diariamente incidentes violentos seguem ocorrendo na região.

Na segunda-feira, um atentado suicida matou 48 pessoas na cidade de Alpuri, capital do distrito de Shangla, informou à Agência Efe uma fonte policial.

O Exército paquistanês planeja desde junho uma grande ofensiva na região tribal do Waziristão do Sul, principal reduto dos talibãs no Paquistão.

As autoridades paquistanesas confirmaram que a operação na fronteira com o Afeganistão é iminente, depois da morte de 128 pessoas em quatro ações terroristas na última semana
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4038903-EI8143,00-Exercito+mata+cinco+insurgentes+em+Swat+apos+atentado.html

Polícia descarta que atentado

Polícia descarta que atentado de Milão seja obra da Jihad
13 de outubro de 2009 • 12h51 • atualizado às 13h09
A polícia italiana descarta que o atentado de segunda-feira em um quartel militar em Milão seja obra da Jihad islâmica, mas atribuiu a uma pequena célula, da qual dois supostos colaboradores já foram presos.

Nesta terça-feira, as forças de segurança da Itália continuam a investigação dos fatos e a Mohammed Game, um cidadão líbio que na segunda-feira explodiu uma bomba de baixa intensidade no quartel militar de Santa Bárbara de Milão. O próprio Game e um soldado de 23 anos que estava de guarda ficaram feridos.

Segundo a polícia, nesta terça-feira outras duas pessoas foram presas, o egípcio Abdel Haziz Mahmoud Kol e o líbio Mohammed Imbaeya, que supostamente ajudaram Game a planejar o atentado contra o quartel milanês.

Kol, Imbaeya e Game - que se recupera de graves ferimentos causados pela deflagração do explosivo no hospital Fatebenefratelli de Milão - são acusados pelos crimes de fabricação e transporte de explosivos.

Nesta terça-feira, a polícia encontrou na casa de um dos supostos cúmplices 40 gramas de nitrato de amônia, matéria-prima para fabricação de explosivos.

O fiscal adjunto de Milão, Armando Spataro, pediu cautela na divulgação das informações sobre o atentado e negou que na apreensão policial tenham confiscado material explosivo.

Além disso, os agentes apreenderam outras substâncias químicas de interesse para a investigação do atentado, ocorrido às 8h do horário local (3h em Brasília) de segunda-feira. Game teve a mão direita amputada e passou por uma intervenção nos olhos.

http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4038953-EI8142,00-Policia+descarta+que+atentado+de+Milao+seja+obra+da+Jihad.html

Talibãs reivindicam atentado

Talibãs reivindicam atentado com 48 mortos no Paquistão
13 de outubro de 2009 • 13h09 • atualizado às 13h21
Os talibãs paquistaneses reivindicaram a autoria do atentado suicida de segunda-feira no distrito de Shanga, que segundo os dados da polícia deixou 48 mortos.

A ação foi reivindicada nesta terça-feira pelo líder insurgente Azam Tariq, porta-voz de Tehrik-e-Talibã Paquistão (TTP), movimento que reúne diversas facções talibãs do país, informou o Canal Express.

Outras 60 pessoas foram atendidas em hospitais com ferimentos provocados pelo atentado, que ocorreu próximo a um mercado da capital do distrito, Alpuri, e era dirigido a um comboio militar.

A maioria dos mortos foi civis, embora seis soldados também estejam entre as vítimas.

O ataque foi o quarto realizado pela insurgência talibã paquistanesa em uma semana e aconteceu um dia depois de o Exército destruir um quartel-general tabibã em Rawalpindi, próximo de Islamabad.

Na região onde fica Shangla, o Exército lançou no final de abril uma grande operação no vale de Swat. Em julho, o comando militar deu por encerrada o grosso da ofensiva, mas incidentes violentos seguem ocorrendo na região.

Nesta terça-feira mesmo o Exército matou cinco supostos insurgentes em ofensivas registradas em vários pontos de Swat.

http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4039006-EI8143,00-Talibas+reivindicam+atentado+com+mortos+no+Paquistao.html

Ataques de talibãs matam


Ataques de talibãs matam pelo menos 26 no Paquistão
15 de outubro de 2009 • 01h35 • atualizado às 05h48
Soldados comemoram detenção de talibãs em Lahore

15 de outubro de 2009

Pelo menos 26 pessoas morreram nos ataques dos talibãs contra edifícios policiais em Lahore, informaram policiais da cidade. As forças de segurança estão em combate contra insurgentes no edifício da Polícia de elite na zona de Bedian.

Entre os mortos, estão três funcionários públicos, 14 policiais e nove insurgentes. Como os enfrentamentos e conflitos continuam na localidade, estes números podem aumentar.

O dia de violência no Paquistão também registrou outro atentado na cidade de Kohat, na Província da Fronteira Noroeste (NWFP), onde pelo menos dez pessoas morreram e 20 ficaram feridas, entre elas várias crianças, em um ataque suicida contra uma delegacia.

Nesse ataque, um suicida jogou um veículo carregado de explosivos contra a delegacia policial da zona de Saddar. "Há estudantes de uma escola próxima entre os mortos", disse uma fonte policial citada pela rede paquistanesa Dawn.

Segundo testemunhas citadas pelo canal Geo TV, a explosão foi de grande intensidade e danificou bastante o edifício. Os feridos foram já transferidos a vários hospitais próximos e a Polícia isolou a zona para que as equipes de investigação possam determinar as circunstâncias do ataque.

Os insurgentes talibãs empreenderam nos últimos dez dias uma onda de ataques suicidas e chegaram a atacar, no fim de semana, o quartel general do Exército na cidade de Rawalpindi, onde mantiveram vários reféns durante algumas horas.

Os insurgentes ameaçaram continuar com seus ataques se o Exército inicia uma ofensiva na região tribal do Waziristão do Sul (noroeste do país), o principal bastião talibã do Paquistão.


http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4042913-EI8143,00-Ataques+de+talibas+matam+pelo+menos+no+Paquistao.html

terça-feira, 13 de outubro de 2009

"Guerra ao narcotráfico" é nova desculpa

"Guerra ao narcotráfico" é nova desculpa "humanitária"
Colômbia é o próximo alvo dos Estados Unidos.

Marcelo Barba ( texto extraído do jornal Opinião Socialista )
Poucos meses após a sua vitória sobre a Iugoslávia, o governo norte-americano já tem um novo alvo para sua intervenção "humanitária": a Colômbia. Como já afirmávamos em artigos durante a guerra da Iugoslávia, o imperialismo ianque quer construir uma nova ordem mundial baseada na sua absoluta e indiscutível liderança. Para isto, é necessário que eles acabem com as situações "problemáticas" que ainda existem nas regiões mais estratégicas do planeta.
Agora é a vez de tentar acabar com os mais antigos grupos guerrilheiros ainda em ação no continente latino-americano: as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e o Exército de Libertação Nacional (ELN) na Colômbia. Usando a desculpa de um suposto envolvimento destes grupos com o tráfico de drogas, os EUA estão, direta e indiretamente, aprofundando seu envolvimento no conflito.
Há mais de 40 anos, a Colômbia vive em uma guerra civil que já matou, somente nos últimos 15 anos, mais de 20 mil pessoas. O recente aumento dos choques entre guerrilha, exército (apoiado cada vez mais pelos EUA) e paramilitares de direita (apoiados por narcotraficantes, empresários e grandes latifundiários), junto com a crise econômica que assola todos os países latino-americanos adeptos do neoliberalismo, fez com que a produção industrial do país caísse, apenas no primeiro semestre, 14,3%. O caso mais grave é o das montadoras, que trabalham somente com um quarto da sua capacidade produtiva.
Os EUA tentam fortalecer a autoridade do presidente colombiano Andrés Pastrana, bastante abalada pela crise que vive o país. As iniciativas de diálogo entre o governo e a guerrilha ainda não avançaram nenhum milímetro. O exército norte-americano já tem organizado um cerco à Colômbia. Além das suas bases no Panamá, estão instaladas ou em fase de construção, bases militares em Aruba, na Venezuela, Peru e Equador, além da própria Colômbia.
Somente neste ano, US$ 300 milhões já foram enviados como ajuda financeira para "combater o narcotráfico".
Mas a guerra contra o narcotráfico (desculpa para toda esta intervenção) é uma completa hipocrisia. Hoje, a Colômbia sozinha é responsável por 80% da produção de cocaína no mundo. O dinheiro do narcotráfico está em todas as instituições do Estado colombiano. Mesmo que algumas vezes, autoridades tenham que prender um ou outro traficante ou destruir algum laboratório clandestino, isto só serve para "livrar a cara". Recentemente, a mulher de um coronel norte-americano, que é um dos coordenadores das ações anti-tráfico na Colômbia, foi presa por usar o serviço postal do exército para enviar cocaína para os EUA. Da mesma forma, todos os funcionários da embaixada norte-americana em Bogotá estão sendo investigados pelo mesmo motivo.
Os paramilitares que são patrocinados, entre outros, pelos narcotraficantes, contam com a impunidade e mesmo a ajuda do Exército e da justiça. O ex-presidente Ernesto Samper foi apoiado financeiramente pelos traficantes na sua campanha eleitoral.
Os EUA não estão preocupados com a produção de drogas, mas com a consolidação do seu domínio no "quintal" da América Latina. As desculpas podem mudar (ajuda humanitária em Kosovo, drogas na América Latina) mas o objetivo é sempre o mesmo: aprofundar o processo de recolonização mundial para garantir os lucros das grandes corporações norte-americanas.

EUA quer "força de paz" para intervir

Apesar de todo o aparato militar montado pelos EUA na Colômbia e nos países vizinhos, é improvável que haja a curto prazo uma intervenção direta norte-americana no país. Da mesma forma que em Kosovo, tudo estará bem enquanto nenhuma vida americana for perdida. É a síndrome do Vietnã ainda presente.
Por outro lado, a Colômbia é uma situação mais difícil de se resolver. Com uma guerrilha dominando 40% do território, embrenhada nas selvas e montanhas do país, não é difícil imaginar as dificuldades e estragos que uma intervenção direta à la Vietnã poderia trazer para os EUA.
Desta forma, a tática norte-americana é outra. Além do financiamento do exército nacional colombiano, do envio de "assessores" militares e de armas modernas, os EUA querem a participação dos países sul-americanos numa "força de paz" na Colômbia. Na verdade, querem uma intervenção sob sua direção, mas que sejam os soldados brasileiros, argentinos, peruanos, equatorianos e venezuelanos a tomarem os tiros. Os presidentes da Argentina, Carlos Menem e do Peru, Alberto Fujimori, já declararam que podem participar de uma suposta "força de paz" na região. Mas, eles sabem que isto não será nada fácil e poderia piorar a situação já problemática em seus próprios países, atolados na crise econômica e política. (M.B.)

Uma perspectiva equivocada

É fundamental que as organizações guerrilheiras tenham uma política direcionada ao movimento operário, estudantil e popular, chamando à solidariedade e apoio do conjunto dos movimentos populares do continente e em todo mundo para lutar contra essa ameaça de intervenção e barrar qualquer iniciativa dos governos latino-americanos de intromissão, mesmo que estejam disfarçadas de "iniciativas políticas".

Defesa de uma paz negociada?

Porém, um dos obstáculos para um triunfo da luta popular e da guerrilha é a orientação limitada da direção das organizações guerrilheiras. Elas parecem buscar uma paz negociada, com algumas diferenças da política oficial, mas aceitando conversações em que os árbitros sejam figuras dos governos burgueses latino-americanos, dos meios imperialistas ou da Igreja, e que não coloque em questão a natureza capitalista e submissa do Estado colombiano. Não se deve aqui cometer erros como a negociação entre a guerrilha de El Salvador e o governo local que na prática terminou numa verdadeira rendição política da Farabundo Marti e na manutenção das mesmas oligarquias no poder.

Bases capitalistas

As FARC, por exemplo, têm um programa que não coloca uma proposta socialista. Pelo contrário, sua perspectiva é a reconstrução do país sob bases capitalistas, aceitando até a grande propriedade e as multinacionais, limitando-se a defender uma nova distribuição da renda. O ELN tem um programa semelhante.
Essa limitação não impede que os revolucionários busquem estabelecer a mais ampla unidade de ação para derrotar a burguesia e o imperialismo que tentam afogar sua justa rebelião armada. (M.B.)

http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=59

A nova cruzada contra o Islam




A nova cruzada contra o Islam
Logo após os ataques ao WTC, o presidente George W. Bush teve um ato falho que bem define os sentimentos que animam a invasão do Afeganistão: Uma cruzada contra o terror. Mas, o que vem a ser cruzada e porque a ameaça se dirige mais diretamente ao Islam? Por que os muçulmanos se sentem ameaçados apesar dos constantes pronunciamentos da comunidade internacional? Considerando que os atuais conflitos regionais envolvem regiões habitadas majoritariamente por muçulmanos, tem algum fundamento o temor de eles se virem às voltas com uma nova Cruzada? Será que em pleno século 21, estamos voltando no tempo, mais precisamente ao século 11, quando cristãos e muçulmanos se envolveram numa luta prolongada por cerca de 300 anos?
O fenômeno das Cruzadas está intimamente ligado à doutrina da Guerra Justa formulada por uma Igreja ambivalente em relação à guerra e ao uso da força, que afirmava que a violência em si é um mal, mas que a passividade diante dela poderia ser um mal maior. Alguns teólogos teorizavam que a violência era moralmente neutra e que aqueles que a usassem para o progresso do Reino de Cristo, poderiam transformá-la num bem positivo. Uma vez atendidas as condições básicas de: Causa Justa, Convocação pela Autoridade Devida e Intenções Corretas por parte dos combatentes, a guerra era justa e os cristãos que se engajassem nela não precisavam temer o fogo eterno. Este ajustamento da doutrina da Guerra Justa ficou conhecido como Guerra Santa, termo cunhado por cristãos e não por muçulmanos como estamos habituados a ouvir. Guerra Santa promovida pela Igreja contra os infiéis, os muçulmanos, os sarracenos que ocupavam a terra sagrada, a qual deveria estar preparada para a segunda vinda do Cristo.

Enquanto Jerusalém esteve sob domínio árabe, as relações entre cristãos, judeus e muçulmanos foram cordiais sem o registro de choques evidentes, com exceção do período do Califa Hakim, o Louco, que mandou destruir igrejas e perseguiu judeus e cristãos. A entrada dos turcos vindos da Ásia Central, no cenário islâmico, veio quebrar o equiíbrio das estruturas sociais e políticas até então vigentes, criando áreas de atrito que se manifestavam mais claramente nos consideráveis embaraços impostos aos peregrinos cristãos que vinham do ocidente para visitar os locais sagrados de Jerusalém. Os grupos armados contratados para proteger esses peregrinos já prenunciavam o que seriam as próximas cruzadas. O efeito dessas campanhas sobre os muçulmanos foi devastador e nas cidades principais do Oriente Médio eles foram exterminados de forma cruel.

Oficialmente, as Cruzadas terminaram em 1291, com a retomada da Terra Santa pelos muçulmanos, mas o seu espírito evoluiu e se adaptou às novas circunstâncias e necessidades, permanecendo vivo durante toda a Idade Moderna e, ao que parece, se estendendo pelo século 21. A Reconquista, por exemplo, foi um conceito que se originou do princípio de que a Hispania tinha sido ocupada injusta e violentamente pelos muçulmanos e que os reis hispano-cristãos tinham o direito e o dever de retomá-la por intermédio de uma cruzada contra os infiéis.

Por outro lado, se observarmos bem, a Cruzada contra o Terror, empreendida pela ampla coalizão liderada pelos Estados Unidos e Inglaterra, preenche todos os requisitos da Guerra Santa, ou seja, Causa Justa, o combate ao terror, Autoridade Devida, o presidente americano, e Intenções Corretas, todos estão bem intencionados. Por certo que os novos cruzados não precisarão temer o fogo eterno, mesmo que os eventuais e inevitáveis "danos colaterais" refiram-se à morte de milhares de civis inocentes, os novos infiéis.

Alguns historiadores e pesquisadores identificam na colonização das Américas, sob patrocínio dos reis católicos de Espanha, uma extensão das Cruzadas. Os primeiros exploradores eram, em muitos casos, soldados espanhóis que haviam lutado na Espanha ou na África e navegado os mares para destruir o poder do Islam. Eles reconheciam a influência islâmica por onde quer que passassem e tinham ordem de converter ao catolicismo aqueles povos. Abdullah Hakim Quick, historiador muçulmano que investiga a presença de muçulmanos na América pré-colombiana, escreveu em seu livro "Deeper Roots", que quando Hernan Cortés (o conquistador do México) chegou a Yucatán, chamou aquela região de "El Cairo". Os homens de Cortés e de Juan Pizarro (o conquistador do Peru), alguns dos quais haviam tomado parte diretamente na luta contra os muçulmanos, chamaram os templos indígenas de "Masjid" (mesquita). Ainda segundo o historiador, várias leis foram baixadas com o objetivo de interromper o fluxo de muçulmanos, libertos ou escravos, para as Américas e trazer de volta os indígenas muçulmanos convertidos.

Um outro momento de perseguição aos muçulmanos se dá em meados do século 13, com a edição de duas bulas do papa Gregório IX, que marcam o início da Inquisição, quando a Igreja Católica Romana perseguiu, torturou e matou vários de seus inimigos sob a acusação de heresia. Eram considerados hereges, dentre outros, "...Quem pratica ações que justifiquem uma forte suspeita (circuncidar-se, passar para o islamismo...), assim como todos os que se relacionassem com eles. Mais tarde, o papa Inocêncio IV institucionalizou o Tribunal da Inquisição e autorizou o uso da tortura como instrumento legítimo para a obtenção de confissões.


A Inquisição espanhola, que pode ser considerada como um movimento fundamentalista cristão, já vinha sendo implementada há mais de um século mas só foi formalizada através de um decreto dos reis católicos Fernando V e Isabel I. Tinha o objetivo de resolver o problema dos judeus e, mais tarde, dos muçulmanos e dos convertidos ao cristianismo. O dominicano Tomás de Torquemada, o mais famoso inquisidor-mor, executou milhares de supostos herejes. Calcula-se que a Inquisição matou cerca de 350 mil pessoas na Europa.

Na transição da Idade Média para a Idade Moderna, a criação da Inquisição e de seu aparato jurídico, o Tribunal do Santo Ofício, devem ser entendidos como fenômenos articulados com o surgimento do Estado nacional. A construção e fortalecimento do Estado centralizado exigiam uma unidade da população, nem que fosse religiosa. A Igreja, ao combater os hereges, procurava manter o monopólio do poder temporal ameaçado pela formação dos estados nacionais. Nesse contexto, a exacerbação da religiosidade e conseqüente perseguição e caça às bruxas, mais do que buscar uma unidade religiosa, foram manifestações contemporâneas de intolerância.

A Idade Moderna absorveu o universo medieval que concebia o mundo a partir de uma estrutura dual: céu e inferno, senhor e servo, bem e mal, virtude e pecado e que inegavelmente chegaram até nós de forma reciclada, capitalismo e comunismo, democracia e socialismo, certo e errado, religião cristã e religião islâmica, quem não está com os Estados Unidos está a favor do terrorismo. Não havia, como não há, espaço para uma terceira possibilidade. Na verdade, o ocidente não conseguiu absorver o princípio aristotélico de que a afirmação de uma coisa não implica na negação de outra.

O conjunto de transformações que se iniciaram na Inglaterra no final do século 18 e que se estenderam por toda a Europa e o resto do mundo, resultou no triunfo do capitalismo, promovendo uma ampla revolução nas relações sociais, políticas, étnicas, religiosas e estabelecendo um novo poder econômico. A necessidade de exportar capitais excedentes, a busca de novos mercados, a procura por matérias-prima e mão de obra barata dão início a uma política expansionista em direção ao Oriente. Em troca, as potências ocidentais levavam, além do dinheiro, suas idéias, sua religião, sua política, seu modo de vida. A partir de 1870, inicia-se uma nova cruzada. As nações mais avançadas se lançaram quase que ao mesmo tempo ao processo de anexação do mundo todo, com exceção do continente americano, sendo que França e Inglaterra levaram a melhor fatia na divisão do bolo colonial.

Além dos fundamentos econômico-financeiros que amparavam a política imperialista, havia também os ideológicos, que se baseavam nos pressupostos de levar a civilização àquelas terras, melhorar as condições de vida daquela gente, evangelizar os territórios por meio de instituições evangélicas construídas com essa finalidade. Da mesma forma que a Igreja na época da Inquisição promoveu o apagamento das culturas locais, também o colonialismo pretendeu erradicar toda uma cultura predominantemente islâmica para introduzir a cultura européia, com valores religiosos, éticos e morais estranhos às populações.

Por todo o século 19 e 20 surgem movimentos nacionalistas e grupos de oposição à colonização dos territórios, que vão se somar á crise do pós-guerra e acabam por determinar o processo de descolonização da região. A criação de novos estados basicamente não levou em consideração aspectos étnicos, culturais e religiosos, e é hoje uma das causas principais da maior parte dos conflitos que ocorrem no mundo. As questões da Palestina, Chechênia, Caxemira, Bósnia, Kosovo, Paquistão, para não falar nos países africanos, são reflexos ou consequências de uma política que privilegiou interesses do poder hegemônico ocidental, sem levar em conta o direito de soberania daqueles povos de escolherem seu modo de vida.

Os muçulmanos, forjados numa história de séculos de perseguições e massacres em massa, não podem confiar no aceno amigável e protetor do ocidente, pois ele vem de seu velho conhecido opressor de outrora.

O muçulmano não compreende como toda uma comunidade que se levantou contra as condições do povo afegão, em especial da mulher afegã, agora se cala diante das imagens chocantes de um cenário de guerra que expõe a morte de inocentes, principalmente crianças, a destruição de alvos civis, hospitais, escolas, já devastados por guerras anteriores, o êxodo de um povo humilhado em busca da proteção que os países vizinhos não conseguem dar.

O muçulmano não compreende por que a mão que joga alimentos é a mesma que lança bombas no Iraque, no Afeganistão, ou fecha os olhos para a condição do povo palestino, como num filme antigo a reproduzir imagens de violência, cansativas de tanto que se repetem. As ajudas humanitarias são promovidas pela mesma ONU que impõe sanções econômicas que agravam a situação de miséria desses povos. Os inimigos de ontem são os aliados de hoje, e certamente serão os inimigos de amanhã. O mundo transformou-se num imenso shopping center e o que se negocia são os legítimos movimentos de libertação nacional, reconhecidos, inclusive, por orgnismos internacionais.

Movimento dos refugiados afegãos



O muçulmano se pergunta que preço os Estados Unidos pagarão pelo apoio da Rússia. O massacre dos muçulmanos chechenos? Que preço os Estados Unidos pagarão pelo apoio de Israel. O massacre dos palestinos? Que preço os Estados Unidos pagarão pelo apoio da China. O massacre das minorias muçulmanas chinesas? Que preço os Estados Unidos pagarão pelo apoio paquistanês. A manutenção no poder de um general golpista sabidamente corrupto, até bem pouco tempo acusado de estreitas relações com a máfia russa? Que preço os Estados Unidos pagarão pelo apoio da Índia. O massacre da Caxemira? Que preço o Afeganistão pagará pelo acesso às ricas reservas de petróleo da região do Cáucaso. A sua destruição completa? Que preço os Estados Unidos pagarão à Aliança do Norte, tantas vezes denunciada pela Anistia Internacional como autora das maiores atrocidades cometidas contra o povo afegão, principalmente os comprovados estupros de mulheres, durante a transição entre a saída da ex-União Soviética e a chegada do Taleban. Mais estupros, mais violência, o esmagamento da etnia patshu, que compõe a maioria da população do Afeganistão?

O muçulmano sabe que se trata de uma nova cruzada e sabe que, ainda que o discurso oficial exima o Islam, não exime os muçulmanos. Este o preço que pagarão pelo simples fato de serem muçulmanos.


http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=363

A Ku Klux Klan e a segregação racial




Atualidades
A Ku Klux Klan e a segregação racial nos Estados Unidos
INTRODUÇÃO

Entre abril e maio de 2001 a questão racial esteve presente em importantes diários e semanários do mundo, em razão de dois acontecimentos ocorridos nos Estados Unidos: o julgamento e condenação por crime racista de um ex-membro da Ku-Klx-Klan e o plebiscito no Mississipi que decidiu manter em sua bandeira um símbolo associado à defesa da escravidão.

EX-MEMBRO DA KKK É CONDENADO POR CRIME RACISTA

No dia 15 de setembro de 1963 um atentado a bomba destruiu uma igreja batista na cidade de Birmingham, no estado do Alabama provocando a morte de Cynthia Wesley, Carole Robertson, Addie Mãe Collins e Denise McNair. Eram quatro meninas negras entre 14 e 11 anos de idade. O caso, considerado um dos crimes mais chocantes da história dos Estados Unidos, também provocou ferimentos em mais de 20 pessoas que estavam reunidas no local, conhecido por ser um dos principais centros de militantes da causa negra na cidade. Naquela época as autoridades locais eram facilmente corrompidas pelas famílias brancas mais reacionárias, que manipulavam e camuflavam as investigações, já que estavam articuladas em grupos racistas que lutavam pela supremacia branca, como a Ku Klux Klan. Inclusive, o caso não foi julgado antes porque as autoridades, incluindo um ex-diretor do FBI, não acreditavam que Thomas Blanton pudesse ser condenado por um júri do Alabama
Agora, após 38 anos a cidade de Birmingham sente-se um pouco mais redimida. No dia 1 de maio de 2001 o júri do Estado do Alabama condenou à prisão perpétua o ex- membro da KKK, Thomas Blanton, acusado de ter participado do atentado que matou as quatro meninas em 1963. Dos quatro autores da explosão, somente Thomas Blanton permaneceu vivo e sua condenação está sendo considerada muito significativa para uma cidade que já chegou a ser chamada de BoMbingham, devido aos constantes atentados de que foi palco.

ELEITORES DO MISSISSIPI MANTÉM SÍMBOLO RACISTA
Se a justiça do Alabama está fazendo uma espécie de "mea culpa", com a condenação de Thomas Blanton, a população do Mississipi parece justificar o escritor William Falkner, que uma vez chamou sue Estado natal, o Mississipi, de o "lugar onde o passado nunca morre".
Através de um plebiscito realizado no dia 17 de abril de 2001, a ampla maioria dos eleitores do Estado do Mississipi optou em manter sua bandeira de 107 anos de idade, que ostenta, em seu canto superior esquerdo, o símbolo utilizado pelos sulistas (confederados) na Guerra Civil norte-americana, a Guerra de Secessão, ocorrida entre 1861 e 1865, que deixou um salde de 600 mil mortos. A cruz azul contendo 13 estrelas brancas é considerada uma referência ao passado racista dos Estados Unidos, já que os sulistas lutavam pela manutenção da mão-de-obra escrava, que sustentava a riqueza dos latifundiários agro-exportadores de tabaco e algodão.
A decisão faz do Mississipi o único Estado americano a preservar um sinal da luta separatista em seus símbolos oficiais. A preferência pela velha bandeira alcançou 65% do eleitorado, contra 35% que preferiam trocá-la por uma bandeira contendo no canto superior esquerdo um circulo de estrelas.
Durante décadas, políticos e membros da comunidade negra tentaram se livrar da cruz, considerada uma apologia ao racismo. Os negros representam cerca de 1/3 do eleitorado no Mississipi e mesmo seu apoio mássico à mudança não teria sido suficiente. Muitos inclusive, não chegaram a se empolgar com a campanha e nem apareceram para votar, o que demonstra uma certa frustração diante de algo tão abominável e ainda presente no mundo de hoje, como a segregação racial.

A GUERRA DE SECESSÃO: ORIGENS E DESDOBRAMENTOS

Ao formalizar a criação de uma República Presidencialista e Federalista, a Constituição norte-americana de 1787, concedia autonomia para cada Estado decidir por seu destino em vários aspectos, inclusive no tocante à mão-de-obra. Nesse sentido nem a independência dos Estados Unidos em 1776 e nem a Constituição, irão representar algum avanço para população negra nos estados sulistas, que permanecem com mão-de-obra majoritariamente escrava. A manutenção da escravidão no sul (atual sudeste), associada ao latifundiário, contrastava-se cada vez mais com o norte (atual nordeste), industrial e abolicionista.
Durante a primeira metade do século XIX a integração de novos territórios através de aquisição ou de guerras transformou os Estados Unidos num grande país. O crescimento foi intenso e acompanhado de um rápido aumento da população, muitos imigrantes europeus atraídos pela facilidade de adquirir terras. Esse cenário torna ainda mais flagrante, o antagonismo entre o norte e o sul.
No norte, o capital acumulado durante o período colonial, criou condições favoráveis para o desenvolvimento industrial cuja mão-de-obra e mercado encontravam-se no trabalho assalariado. A abundância de energia hidráulica, as riquezas minerais e a facilidade dos transportes contribuíram muito para o progresso da região, que defendia uma política econômica protecionista. Já o sul, de clima seco e quente permaneceu estagnado com uma economia agro-exportadora de algodão e tabaco baseada no latifúndio escravista. Industrialmente dependente, o sul era ferrenho defensor do livre-cambismo, mais um contraponto com o norte protecionista.
O Acordo de Mississipi em 1820 proibia a escravidão acima do paralelo 36o40â??. Em conseqüência, o presidente Monroe, que assinara o tratado, foi homenageado com a denominação de "Monróvia", para capital do Estado da Libéria, fundado na África em 1847, para receber os escravos libertados que quisessem voltar à sua terra.
Em 1852, Harriet Beecher Stowe publicou a romance abolicionista A Cabana do pai Tomás, que vendeu 300 mil cópias só no ano de sua edição, sensibilizando toda uma geração na luta pelo abolicionismo. Dois anos depois surgia o Partido Republicano, que abraçou a causa do abolicionismo. Em 1859 um levante de escravos foi reprimido na Virgínia e seu líder John Brow foi enforcado, transformando-se em mártir do movimento abolicionista.
Em 1860 o ex-lenhador que chegou a advogado Abraham Lincoln, elege-se como primeiro presidente pelo Partido Republicano. O Partido Democrata, apesar de mais poderoso, estava dividido entre norte e sul, o que facilitou a vitória de Lincoln. Apesar de sempre ter assumido posições apenas moderadas em relação à escravidão, Lincoln era visto pelos latifundiários escravistas do sul como um verdadeiro revolucionário e em 20 de dezembro de 1860 iniciava-se na Carolina do Sul um movimento separatista, que seguido por outros seis Estados, reuniu-se no Congresso de Montgomery no Alabama, decidindo pela criação dos "Estados Confederados da América".
A secessão estava formalizada e o norte não poderia aceitar. Iniciava-se assim em 1861 a maior guerra civil do século XIX, a Guerra de Secessão, também conhecida como "Guerra Civil dos Estados Unidos" ou ainda como "Segunda Revolução Norte-Americana", que se estendeu até 1865 deixando um saldo de 600 mil mortos.
Enquanto o sul possuía apenas 1/3 dos 31 milhões de habitantes do país e somente uma fábrica de armamentos pesados, o norte já contava com um sólido parque industrial, uma vasta rede ferroviária e uma poderosa esquadra. Mesmo com esse contraste totalmente desfavorável, foi o sul que lançou a ofensiva, criando uma nova capital -- Richmond -- e elegendo para o governo Jefferson Davis, que a 12 de abril de 1861 atacou o forte de Sunter. Inicialmente, a guerra mostrava algumas vitórias do Sul, que em 1862, instituiu o serviço militar obrigatório e convocou toda população para guerra.
A Guerra de Secessão é considerada a primeira guerra moderna da história, fazendo surgir os fuzis de repetição e as trincheiras, que irão marcar de forma mais acentuada, a Primeira Guerra Mundial entre 1914 e 1918. As novas técnicas eliminam o sabre e o mosquete, pois a luta corpo a corpo tornava-se cada vez mais difícil. No mar surgiam os couraçados, modernas embarcações responsáveis pelo decisivo bloqueio naval que o norte impôs sobre o sul.
Em setembro de 1862 foi abolida a escravidão apenas nos estados rebeldes. A abolição efetiva só ocorreu em 31 de janeiro de 1865. Em 9 de abril de 1865 o general sulista Robert Lee oficializa o pedido de rendição ao general nortista Ulisses Grant. Alguns dias depois Lincoln é assassinado pelo fanático ator sulista John Wilkes Booth.
Com um saldo de 600 mil mortos e o sul devastado, a guerra radicalizou a segregação racial surgindo associações racistas como Ku-Klux-Klan, fundada por brancos reacionários em Nashville no ano de 1867.

A KU-KLUX-KLAN

Com origem na atuação de veteranos confederados sulistas desde 1865, a fundação da Ku-Klux-Klan ocorre dois anos depois em Neshville, com o objetivo de impedir a integração dos negros como homens livres com direitos adquiridos e garantidos por lei após a abolição da escravidão.
Como sociedade secreta racista e terrorista, a Ku-Klux-Klan, também conhecida como "Império Invisível do Sul", era presidida por um Grande Sacerdote, abaixo do qual existia uma rígida hierarquia de cargos dotados de nomes sinistros como "grandes ciclopes" e "grandes titãs". O traço característico de seus membros era o uso de capuzes cônicos e longos mantos brancos, destinados a impedir o reconhecimento de quem os usava.
A intimação contra os negros atingia também em menor escala brancos que com eles se simpatizavam, além de judeus, católicos, hispânicos e qualquer forasteiro que se posicionasse de forma contrária aos interesses da aristocracia sulista. A prática de terror dava-se desde desfiles seguidos por paradas com manifestações racistas, até linchamentos, espancamentos e assassinatos, passando ainda por incêndios de imóveis e destruição de colheita.

Proibida em 1877, em decorrência de seus atentados racistas, a Ku-Klux-Klan foi reorganizada em Atlanta, tornando-se um numeroso grupo de pressão com cerca de 1 milhão de membros em 1922. Decadente às vésperas da crise de 1929, fortaleceu-se na década de 1960 em oposição à política democrata de integração racial, sendo fortemente combatida pelo presidente Lyndon Johnson (1963-69). Destaca-se na luta contra o racismo os líderes negros como Martim Luther King e Malcom X, além de organizações como os Panteras Negras.
Apesar do congresso norte-americano ter tentado extinguir a atuação da Ku-Klux-Klan com a aprovação de leis, manifestações racistas ainda fazem parte da rotina de várias regiões dos Estados Unidos nesse início de milênio.
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