domingo, 4 de outubro de 2009

Contra a guerra(2)






18/04/03

Reportagens:

FONTE: UOL Notícias

Iraquianos protestam em Bagdá e exigem retirada dos EUA
11h11 - 18/04/2003

Por Hassan Hafidh

BAGDÁ (Reuters) - Dezenas de milhares de iraquianos participaram do maior protesto pós-Saddam Hussein em Bagdá, na sexta-feira, pedindo a retirada das forças dos Estados Unidos do Iraque.

Carregando exemplares do Alcorão, esteiras de rezas e faixas, os manifestantes saíram direto das mesquitas para as ruas do bairro central de Aadhamiya.

"Deixem nosso país, nós queremos paz", dizia uma faixa dirigida aos norte-americanos que tomaram o controle há nove dias, mas que não conseguiram conter os saques, os cortes de energia e o caos na cidade desde então.

"Não a Bush, não a Saddam, sim sim ao islã", dizia outra faixa.

Os organizadores da manifestação se autodenominam Movimento Unido Nacional Iraquiano e dizem representar tanto a maioria xiita quanto os sunitas muçulmanos do Iraque.

Os xiitas, próximos aos líderes do Irã, foram marginalizados sob o governo sunita de Saddam e alguns iraquianos temem o surgimento de conflitos sectários.

Uma das maiores colunas saiu da mesquita Abi Hanifah Nouman. Sua cúpula foi bombardeada na guerra liderada pelos Estados Unidos.

O imã Ahmed al-Kubaisi disse em seu sermão que os Estados Unidos invadiram o Iraque para defender Israel e negou que o Iraque possua armas de destruição em massa.

"Essa não é a América que nós conhecemos, que respeita a lei internacional e respeita o direito das pessoas", ele falou.

Seus seguidores saíram da mesquita depois das orações gritando slogans antiamericanos e brandindo faixas que diziam "não à América, não ao Estado secular, sim ao Estado islâmico".

O Partido Baath de Saddam, que dominou o país por três décadas, era secular.

Parados em volta de um caminhão-tanque que rodava pela rua, os homens, alguns de turbante e com longas barbas, cantavam: "nós somos irmãos sunitas e xiitas, nós não venderemos esta nação".

Em Teerã, um influente clérigo xiita conservador pediu que as forças norte-americanas saíssem do Iraque.

"Unam-se e mandem a América e a Grã-Bretanha para fora de seu país. É um dever da nação iraquiana", disse o aiatolá Mohammad Emami-Kashani em um sermão transmitido ao vivo pelo rádio.

Os Estados Unidos anunciaram que um general reformado norte-americano vai liderar um governo interino no Iraque.



EUA não têm direito de explorar petróleo do Iraque,diz saudita
21h53 - 18/04/2003

Por Andrew Hammond

RIAD, Arábia Saudita (Reuters) - Os forças lideradas pelos Estados Unidos que invadiram o Iraque não têm direito legítimo de explorar o petróleo do país e as sanções econômicas das Nações Unidas devem ser levantadas apenas quando houver um governo iraquiano legítimo, disse o ministro de Relações Exteriores da Arábia Saudita, príncipe Saud al-Faisal.

O dirigente árabe, falando depois de um encontro de oito países da região convocado para discutir o futuro do Iraque pós-Saddam, disse que as forças de ocupação devem restabelecer a segurança e sair do país o mais breve possível, permitindo aos iraquianos formar seu novo governo.

"Agora o Iraque está sob uma força de ocupação e qualquer pedido para levantar as sanções devem vir quando houver um governo legítimo que represente as pessoas...e que possa cumprir com as obrigações para levantar as sanções", disse Faisal a repórteres em Riad nesta sexta-feira (horário de Brasília).

Os Estados Unidos querem um final rápido para as sanções que já duram 12 anos, o que permitiria a venda de petróleo para levantar recursos para a reconstrução do país.

O primeiro forum regional pós-guerra também rejeitou as acusações dos Estados Unidos de que a Síria estaria dando abrigo a assessores próximos de Saddam e que teria armas químicas. A Síria nega ambas as acusações.

"(Os ministros) afirmaram que os iraquianos devem administrar e governar os seu próprio país, e qualquer exploração das reservas naturais devem ser feita em conformidade com um governo iraquiano legítimo e a sua população", disse Faisal, lendo um comunicado conjunto depois das discussões em Riad.

PAPEL CENTRAL PARA ONU

O encontro na capital saudita contou com a participação dos ministros de Relações Exteriores dos países vizinhos iraquianos Turquia, Irã, Síria, Kweit e Jordânia, e também do Egito e do Bahrain, e teve o objetivo de discutir as implicações para a região da vitória dos Estados Unidos.

Questionado se esses países pretendem participar da formação do novo Iraque, Faisal disse: "Nós não deixaremos que qualquer um de nós interfira nos assuntos internos iraquianos."

O comunicado conjunto pediu também um papel central para a ONU na reconstrução do Iraque. Os Estados Unidos estão relutantes em dar uma participação maior para a ONU e para a comunidade internacional nessa questão.

As sanções da ONU foram impostas ao Iraque depois da invasão ao Kweit em 1990. Elas permitem apenas algumas vendas limitadas de petróleo iraquiano, sob a supervisão da ONU, destinadas à compra de comida e medicamentos.

O presidente George Bush pediu na quarta-feira que as sanções sejam levantadas, mas a União Européia, que ficou dividida no apoio ou não à guerra, teme que a decisão, se for tomada rapidamente, reduza ainda mais a autoridade das Nações Unidas.

As sanções são o principal trunfo dos membros do Conselho de Segurança da ONU em tentar convencer os Estados Unidos a darem um papel maior às Nações Unidas na reconstrução do Iraque.

Anteriormente, o ministro de Relações Internacionais do Irã, Kamal Kharrazi, afirmara que os Estados Unidos deveriam sair do Iraque e deixar que a ONU ajude as pessoas no país a tratarem dos seus próprios problemas.

Com exceção da Síria e do Irã, todos os outros países que participaram do encontro são aliados dos EUA e deram algum tipo de apoio na invasão do Iraque.

Mas eles temem que os norte-americanos coloquem um governo fantoche no Iraque que venha até a aliar-se a Israel.

"(Os ministros) reforçaram a obrigação das forças de ocupação de acordo com a quarta convenção de Genebra de manter a segurança e a estabilidade...e reforçaram sua obrigação de sair do Iraque e deixar que os iraquianos exercitem seu direito de auto-determinação", disse o comunicado conjunto.

18/04/03
Encontrei uma matéria na página do "Observatório da imprensa" (http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/gue020420032.htm), que cita este site, o "Contra a Guerra"! Agradeço à jornalista Renata Augusta que nos encontrou e nos indicou e à equipe do Observatório da Imprensa. Obrigado!
15/04/03
Bagdá perde o medo e multiplica manifestações anti-EUA
da France Presse, em Bagdá

"Abaixo Bush!", "Não à ocupação!", "Americanos, voltem para casa!": muitos cidadãos de Bagdá trocaram as flores e os gritos de apoio aos soldados americanos por protestos motivados pela ausência de resultados da guerra, a falta de eletricidade e os saques na capital.

"Go home!", gritam os quatro ocupantes de um automóvel ao passarem em frente a uma patrulha de soldados americanos na rua Karrada Dakhel, ao meio-dia de hoje.

A reação dos militares não se fez esperar. Os quatro jovens estudantes foram retirados do automóvel à força e lançados ao chão com empurrões: o rosto contra o asfalto e as mãos atadas às costas.

Os insultos dos soldados, que revistaram o automóvel em busca de armas e explosivos, sobem de tom, as pessoas são obrigados a caminhar rapidamente.

"Eu os odeio, juro que vou matá-los ! Qualquer dia colocarei um cinto com explosivos!", grita Nebrás, um dos ocupantes do pequeno automóvel, depois do incidente.

Todos os dias, estes estudantes, cerca de 20, vão protestar "contra a ocupação" em frente ao Hotel Palestina, onde se concentram os Marines americanos.

"Ocuparam nosso país, mataram nosso povo e em troca o que vão nos dar? Nada! O Iraque está acabado", asseguram.

A poucos metros do lugar deste incidente, no Hotel Palestina, as manifestações se multiplicam: professores universitários, médicos, advogados e simples cidadãos vão para as ruas todos os dias para protestar contra a guerra e contra os "planos ocultos" de Bush para o Iraque.

"Não temos medo de que disparem contra nós. O que estamos fazendo é o correto. Este é o nosso país e só Deus nos julgará", diz Yasir, 40, engenheiro, que segura um cartaz com a frase "Sim à liberdade, Sim ao Iraque, não à ocupação".

Aos gritos de "Down, Bush, Down!" (Abaixo Bush), os nervos dos marines, alguns deles jovens de menos de 20 anos, cansados e aterrorizados, se crispam. Em poucos minutos, o hotel é isolado e a entrada é proibida até para os jornalistas que moram no lugar.

O medo de atentados suicidas por parte de um povo que a cada dia tem menos a perder aumenta, afirmam os soldados, que multiplicam as vistorias em automóveis, propriedades e pessoas de qualquer idade e nacionalidade.

"O Hotel Palestina, repleto de marines e da imprensa estrangeira, é o lugar perfeito. Deveriam ter cuidado", afirma Saher, ex-empregado do ministério da Informação.

Os iraquianos mais velhos que chegam ao Hotel Palestina asseguram que nunca viram Bagdá em semelhante "estado miserável" e contemplam com impotência os tanques que impedem sua passagem. A falta de eletricidade e de segurança nas ruas está diminuindo o ânimo e as esperanças de seus cidadãos nesta ofensiva.

"Sunitas e xiitas, estamos unidos, nosso país não está à venda", "Sim ao Islã, não aos terroristas americanos", pediram os manifestantes durante horas.

Enquanto isso, nas ruas de Bagdá, os tanques patrulham cada vez com mais frequência as ruas com soldados a pé escoltados por tanques que cada vez recebem menos gestos de aprovação e sorrisos dos cidadãos.

"Esta é a liberdade que prometeram para o Iraque. Não é maravilhosa?", assegura irônico Ahmad, comerciante de Bagdá, enquanto contempla a procissão de tanques passar.

15/04/03

Meus amigos, vocês devem estar lendo manchetes como "EUA ameaçam a Síria" por acreditarem que estão escondendo armas de destruição em massa. Mais uma grande mentira. Assim como foi a mentira forjada para a invasão iraquiana. Afinal, não se encontrou nem "meia arma" de destruição em massa em tal território. Como para tudo há um porquê, finalmente o encontrei. Entendam: mais uma vez o petróleo. Passa pela Síria um oleoduto que poderá levar petróleo a baixíssimo custo do Iraque para Israel. E isso é perfeito para os interesses econômicos dos EUA. Vejam detalhes na seguinte reportagem:

ÓLEO DO IRAQUE INTERESSA A ISRAEL

Fonte: www.oglobo.com.br

Reativação de oleoduto até Haifa depende de permissão da Síria

AMÃ. Um cochilo do ministro de Infra-estrutura Nacional de Israel, Joseph Paritzky, está agitando o mundo árabe. Ele deixou vazar a informação de que vem fazendo contatos visando a algo inédito: a importação de petróleo do Iraque, uma vez que tenha sido estabelecido ali um novo governo que, sob as asas dos Estados Unidos, tornaria o Iraque mais amistoso com o antigo inimigo israelense.

Um negócio desse tipo, na opinião dos árabes, seria uma prova concreta de que os Estados Unidos decidiram invadir o Iraque e trocar o seu governo para favorecer Israel.

Por um lado, estariam anulando o seu principal inimigo. Por outro, criariam condições para que o país, com graves problemas econômicos, obtivesse petróleo bem mais barato do que o importado atualmente da Rússia.

Além disso, esse oleoduto entre Iraque e Israel reduziria a dependência americana do petróleo do Golfo Pérsico. O produto seria embarcado em petroleiros em Haifa e levado aos Estados Unidos.

O fornecimento passaria a ser feito a partir de Mossul, no norte iraquiano, através da reabertura de um velho oleoduto que vai até Haifa, cidade portuária no Mediterrâneo, ao norte de Irsrael. A tubulação não tem sido usada desde 1948.

— Nós sabemos que o que está em nosso território está em condições muito boas. Precisamos saber, agora, como está a parte do oleoduto que fica na Jordânia — disse um funcionário do ministério israelense, antecipando que as autoridades do país vizinho já tinham sido avisadas a respeito.

Em Amã, no entanto, o ministro de Relações Exteriores, Marwan al-Moasher, procurou desconversar:

— Como se sabe as relações entre Israel e Jordânia têm sido muito frias ultimamente. Há muito tempo nenhum ministro israelense visita Amã —- disse ele.

Há, no entanto, um complicador nessa história: seria preciso obter autorização da Síria, por onde também passa a tubulação, para que o acordo fosse adiante. Com Israel ocupando uma parte do território da Síria desde 1967, seria improvável que esse vizinho desse o sinal verde.

Para que isso acontecesse seria necessária uma forte pressão dos Estados Unidos sobre a Síria, que está na lista negra do Departamento de Estado como um país que protege o terrorismo.

Tal ameaça poderia acontecer através de um ultimato: se não cedesse a área requisitada, os EUA entrariam na Síria para promover uma mudança de regime, como agora no Iraque.

15/04/03

Reportagem:

Zona de guerra

FONTE: www.oglobo.com.br

Quem assistia ontem à rede americana CNN teve a oportunidade de ver, pela primeira vez, uma concreta exibição do que poderia ser definido como “jornalismo cowboy”. Os carros de uma equipe da estação, que tinham acabado de entrar em Tikrit, último bastião de Saddam Hussein e sua cidade natal, foram recebidos a tiros por iraquianos de uma milícia ainda fiel ao ditador.

Eles tinham formado um bloqueio na estrada, mas a equipe preferiu ignorá-lo e ir adiante. A resposta foi uma saraivada de metralhadora e, por alguns minutos, uma perseguição automobilística com troca de tiros.

O risco era implícito, já que o grupo não estava incorporado às tropas americanas — que, aliás, nem haviam chegado ali. E a sua reação foi a de atirar de volta! Não há registros de outras cenas desse tipo nas guerras modernas: jornalistas disputando território à bala.

A cena revelou, na prática, algo que até então a CNN procurava manter em segredo, mas que já havia vazado na forma de rumores: o fato de que a rede contratara pistoleiros profissionais nos EUA e na Europa para dar segurança aos seus repórteres, inaugurando assim uma nova forma de cobertura.

Se as emissoras concorrentes, além de jornais e agências de notícias, seguirem o exemplo os próximos conflitos terão duas frentes de combate: a dos militares e a dos jornalistas.

Os 600 repórteres incorporados às tropas americanas no Iraque foram terminantemente proibidos de portar armas. O Pentágono, inclusive, solicitou que eles procurassem não utilizar roupas que pudessem parecer fardas militares — para marcar bem a diferença entre uns e outros.

Agora, no entanto, quando começa a se expandir a cobertura independente, a guerra entra num clima de faroeste, com jornalistas — pelo menos no caso da rede CNN — fazendo parte atuante de grupos armados, já que seus seguranças particulares estão livres para matar quem tratar de impedir o seu trabalho.

Se as equipes de assistência humanitária da Cruz Vermelha, do Unicef, do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, do Programa de Alimentação Mundial, da Organização Mundial de Saúde — que correm tantos riscos quanto os jornalistas — adotarem o mesmo procedimento, as guerras futuras passarão a ser uma carnificina ainda maior.

Em Bagdá já existe um outro exemplo disso: depois que saqueadores passaram a assaltar hospitais, médicos têm ido trabalhar com rifles Kalishnikov às suas costas. A velha filosofia do olho por olho dente por dente parece estar se tornando numa rotina da guerra moderna. Dias atrás os soldados americanos recorreram a ela, ao invadir o hotel al-Rashid — o principal de Bagdá.

Nesse caso não houve uso de armas, e sim de um método pacífico — mas igualmente lamentável. Os soldados destruíram uma enorme fotografia do ex-presidente George Bush que o governo iraquiano havia colocado junto à porta de entrada do hotel, dez anos atrás, para servir como um capacho. A retirada daquela foto era longamente esperada pelos americanos.

No entanto, eles acabaram se comportando exatamente como os bárbaros inimigos que tanto condenavam, baixando ao seu nível: no lugar da foto de Bush eles colocaram uma de Saddam Hussein, para ser pisada daqui por diante por quem passe por ali.

15/04/03

Reportagem:

Aliados dos EUA também têm armas de destruição em massa

Fonte: www.oglobo.com.br

LONDRES - Depois de acusar o Iraque de possuir armas de destruição em massa, os EUA agora acusam a Síria de ter armas químicas. Mas uma reportagem do "The Guardian" divulgada no site do jornal britânico lembra que a lista de prováveis países com programas de armas químicas, biológicas e/ou nucleares não está restrita a nações que Washington considera hostis. A lista inclui aliados dos EUA, como Israel, Egito, Paquistão, Índia e Taiwan.

Especula-se que o programa nuclear de Israel inclui cerca de 200 ogivas, disse o vice-diretor do projeto de não-proliferação do Carnegie Manutenção da Paz Internacional, Jon Wolfsthal. Em 2000, Israel colocou mísseis nucleares em três submarinos. Estima-se que Israel tenha mísseis em lançadores móveis instalados em cavernas, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo. Israel também pode estar estocando armas químicas e biológicas, de acordo com o Carnegie e o Instituto de Estudos Internacionais de Monterey. O "The Guardian" diz que Israel não faz comentários sobre o potencial nuclear do país.

O Monterey acredita que o Egito tem armas químicas, incluindo o gás mortal sarin e agentes VX, e talvez uma capacidade ofensiva de armas biológicas. O Carnegie e o Monterey suspeitam de que a Índia e o Paquistão, que publicamente fizeram testes nucleares, estejam envolvidos em pesquisas de armas químicas e biológicas.

A lista citada pelo "The Guardian" continua: Taiwan provavelmente mantém um programa de armas químicas e pode estar desenvolvendo uma pesquisa de armas biológicas, segundo o Monterey; e a Arábia Saudita comprou mísseis com capacidade nuclear da China, embora acredite-se que os sauditas não tenham ogivas para colocá-los, disse Wolfsthal.

O "The Guardian" divulga uma opinião de Wolfsthal: ao ignorar a proliferação de armas não convencionais entre seus aliados, os EUA permitiram que a tecnologia se espalhasse ainda mais. De acordo com o site, Israel é conhecido por ter ajudado o programa nuclear da África do Sul, hoje extinto, e o Paquistão pode ter colaborado com os programas da Coréia do Norte e do Irã.

Outros países com armas químicas e biológicas ou com programas de pesquisa são a Rússia, a China, a Líbia e o Sudão, diz o Carnegie. Um pesquisador do grupo Henry L. Stimson Center, Amy Smithson, lembra que os EUA ainda estão eliminando os últimos vestígios de suas armas químicas e que a Grã-Bretanha também já possuiu armas de destruição em massa, embora já tenha destruído todas. Os EUA ainda desenvolvem pequenas quantidades de toxinas químicas e biológicas com o argumento de se defender delas, diz Smithson.

14/04/03

Frase do dia:

"A paz mundial, como a paz em uma comunidade, não necessita que cada um ame o seu vizinho - mas que vivam com mútua tolerância, submetendo suas disputas a um acordo justo e pacífico."

John Fitzgerald Kennedy (1917-1963) - Político americano, foi presidente dos Estados Unidos

14/04/03

Carta de um ganhador do Oscar
Michael Moore

• Caros amigos,

Parece que o governo Bush terá sucesso em colonizar o Iraque em algum momento dos próximos dias. Esta é uma tolice de grande magnitude — e pagaremos por isso pelos próximos anos. Não valeu a vida de um único garoto americano de uniforme, sem falar dos milhares de iraquianos que morreram, e a eles dedico minhas condolências e orações.

Mas, onde estão todas aquelas armas de destruição em massa que foram a desculpa para essa guerra? Ahá! Há muito a se dizer sobre tudo isso, mas vou guardar isso para outra oportunidade.

O que mais me preocupa nesse momento é que todos vocês — a maioria dos americanos que não apóia essa guerra — não fiquem calados ou sejam intimidados pelo que será saudado como uma grande vitória militar. Agora, mais do que nunca, as vozes da paz e da verdade têm de ser ouvidas. Recebi muita correspondência de pessoas que estão com um profundo sentimento de desespero e acham que suas vozes foram afogadas pelos tambores e bombas do falso patriotismo. Alguns estão com medo de retaliações no trabalho ou na escola ou na vizinhança porque eles advogaram publicamente a paz. Eles ouviram diversas vezes que não é “apropriado” protestar uma vez que o país está em guerra, e que sua única obrigação é “apoiar os soldados”.

Posso dividir com vocês o que tem acontecido comigo desde que usei meu tempo no palco do Oscar semanas atrás para falar contra Bush e essa guerra? Espero que, ao lerem o que estou prestes a contar, vocês se sintam um pouco mais encorajados a fazer com que suas vozes sejam ouvidas em qualquer oportunidade que lhes seja concedida.

Quando “Tiros em Columbine” foi anunciado como o vencedor do Oscar de melhor documentário na cerimônia da academia, a platéia se levantou. Foi um grande momento, algo que sempre irei guardar no coração. Eles estavam de pé e celebrando um filme que diz que nós, americanos, somos um povo singularmente violento, que usa nosso maciço acúmulo de armas para nos matar uns aos outros e para apontar para muitos países em todo o mundo. Eles estavam aplaudindo um filme que mostra George W. Bush usando temores fictícios para aterrorizar o público para que este concedesse a ele qualquer coisa que pedisse. E eles estavam honrando um filme que declara o seguinte: a primeira Guerra do Golfo foi uma tentativa de reinstalar o ditador do Kuwait; Saddam Hussein foi equipado com armas dos Estados Unidos; e o governo americano é responsável pelas mortes de meio milhão de crianças no Iraque na última década devido a sanções e bombardeios. Este era o filme que eles estavam festejando, este era o filme em que eles tinham votado, e, então, decidi que era isso que eu deveria lembrar no meu discurso.

E, assim, disse o seguinte no palco do Oscar:

“Em nome dos nossos produtores, Kathleen Glynn e Michael Donovan (do Canadá), gostaria de agradecer à Academia por este prêmio. Convidei os outros indicados para a categoria de melhor documentário para subirem ao palco comigo. Eles estão aqui em solidariedade porque gostamos de não-ficção. Gostamos de não-ficção porque vivemos em tempos fictícios. Vivemos num tempo no qual os resultados fictícios de uma eleição nos deram um presidente fictício. Estamos agora fazendo uma guerra por motivos fictícios. Mesmo que seja a ficção das fitas adesivas (para selar janelas) ou os ‘alertas laranjas’ fictícios, somos contra essa guerra, senhor Bush. Tenha vergonha, senhor Bush, tenha vergonha. E, sempre que se tem o Papa e as Dixie Chicks contra você, seu tempo está acabando”.

Enquanto falava, algumas pessoas na platéia começaram a aplaudir. Isto imediatamente fez com que um grupo de pessoas no balcão começasse a vaiar. Então aqueles que estavam apoiando as declarações começaram a gritar com quem estava vaiando. O “Los Angeles Times” relatou que o diretor do show começou a gritar para a orquestra “música! música!” para me cortar, então o conjunto obedientemente iniciou uma canção e meu tempo estava acabado. (Para mais informações sobre o por quê de eu ter dito o que disse, pode-se ler o artigo que escrevi para o “Los Angeles Times”, mais outras reações de outros lugares do país no meu site: www.michaelmoore.com).

No dia seguinte — e nas semanas subseqüentes — os especialistas de direita e os garotões dos programas de rádio pediram a minha cabeça. Então, todo esse tumulto me causou danos? Eles tiveram sucesso em me “silenciar”?

Bem, dêem uma olhada nos “efeitos colaterais” do meu Oscar:

• No dia seguinte ao que critiquei Bush e a guerra na festa do Oscar, o público de “Tiros em Columbine” nos cinemas em todo o país aumentou 110% (fonte: Daily Variety/BoxOfficeMojo.com). Na semana que se seguiu, o faturamento da bilheteria subiu incríveis 73% (Variety). É, no momento, o lançamento comercial em cartaz há mais tempo nos EUA. São 26 semanas seguidas e continua prosperando. O número de salas que está exibindo o filme desde o Oscar AUMENTOU, e já superou o recorde anterior de bilheteria de um documentário em quase 300%.

• No dia 6 de abril, “Homens brancos estúpidos” (último livro de Moore) voltou ao primeiro lugar na lista de mais vendidos do “New York Times”. Aquela foi a 50 semana em que o livro estava na lista, oito delas no primeiro lugar, e marca sua quarta volta para a primeira posição, algo que praticamente nunca aconteceu.

• Na semana seguinte ao Oscar, meu site teve de dez a 20 milhões de acessos POR DIA (num dia ele teve mais acessos do que o da Casa Branca!). A caixa de correio tem sido esmagadoramente positiva e encorajadora (e as mensagens de ódio têm sido hilárias!).

• Nos dois dias seguintes ao Oscar, mais pessoas fizeram a pré-compra do vídeo “Tiros em Columbine” na Amazon.com do que do vídeo que recebeu o Oscar de melhor filme, “Chicago”.

• Na primeira semana de abril, consegui o financiamento para meu próximo documentário, e me ofereceram um espaço na televisão para fazer uma versão atualizada de “TV Nation”/“The awful truth” (TV Nação/A terrível verdade).

Digo tudo isso para vocês porque quero contra-atacar uma mensagem que é dita para nós todo o tempo — que, se você aproveita uma chance para falar publicamente de política, você se arrependerá para sempre. Isso irá causar danos de alguma forma, normalmente em termos financeiros. Você pode perder seu emprego. Outros podem não contratá-lo. Você perderá amigos. E mais e mais e mais.

Pegue como exemplo as Dixie Chicks. Tenho certeza de que vocês todos já escutaram que, porque a cantora da banda mencionou o fato de estar envergonhada por Bush ser de seu estado natal, o Texas, as vendas de seu CD “despencaram” e estações de rádio do país estão boicotando as músicas do grupo. A verdade é que suas vendas NÃO caíram. Na primeira semana de abril, depois de todos esses ataques, o CD continua na posição número um da Billboard e, de acordo com a “Entertainment Weekly”, nas paradas pop durante toda essa confusão as Dixie Chicks SUBIRAM da sexta para a quarta posição. No “New York Times”, Frank Rich relata que tentou conseguir um ingresso para QUALQUER das próximas apresentações das Dixie Chicks mas não conseguiu porque eles estavam completamente esgotados. Sua canção “Travelin’ soldier” (uma bonita balada antiguerra) foi a música mais pedida na internet semana passada. Elas não sofreram qualquer dano — mas isso não é o que a mídia quer que vocês acreditem. Por que isso? Porque não há nada mais importante agora do que manter as vozes divergentes — e aquelas que ousassem fazer perguntas — QUIETAS. E que forma melhor do que tentar e tirar da praça alguns artistas com um pacote de mentiras para que o José e a Maria normais captem a mensagem de modo alto e claro: “Uau, se eles podem fazer isso com as Dixie Chicks ou com o Michael Moore, o que fariam com euzinho aqui?” Em outras palavras, cale a maldita boca.

E isso, meus amigos, é o propósito desse filme que acabou de ganhar o Oscar — como aqueles que estão no poder usam o MEDO para manipular o público e fazê-lo agir da forma como devem agir.

Bem, as boas notícias — se pode haver quaisquer boas notícias esta semana — são que não apenas eu e outros não fomos silenciados, como nos reunimos a milhões de americanos que pensam do mesmo modo que nós. Não deixem que os falsos patriotas os intimidem a acertarem a pauta e os termos do debate. Não seja derrotado pelas pesquisas de opinião que mostram que 70% das pessoas está a favor da guerra. Lembrem-se que aqueles americanos que foram pesquisados são os mesmos americanos cujos filhos (ou os filhos dos vizinhos) foram enviados para o Iraque. Eles temem pelos soldados e são intimidados a apoiar uma guerra que eles não querem — e querem ainda menos ver seus amigos, família e vizinhos voltarem mortos. Todos querem que os soldados voltem para casa vivos e todos nós precisamos estender as mãos e fazer com que suas famílias saibam disso.

Infelizmente, Bush e companhia ainda não estão satisfeitos. Essa invasão e conquista irá encorajá-los a fazer isso de novo em outro lugar. O motivo verdadeiro para essa guerra é dizer ao resto do mundo “Não se meta com o Texas — se você tem o que queremos, vamos aí pegar!” Esse não é um tempo para que a maioria de nós que acredita numa América pacífica fique calada. Façam com que suas vozes sejam ouvidas. Apesar do que eles conseguiram fazer, este ainda é o nosso país.

Sinceramente,

Michael Moore.
MICHAEL MOORE é cineasta e acaba de ganhar o Oscar de melhor documentário
14/04/03

Retratos da guerra:
Como se controla a imprensa no campo de batalha

Fonte: www.rtp.pt

(Imagens embaraçosas, como esta no Vietnam, dificilmente poderão repetir-se no Iraque)

A primeira baixa de todas as guerras é a verdade", lá diz a velha máxima. A segunda é a liberdade de imprensa. O Pentágono embarca para a nova guerra com uma nova política, muito mais restritiva, de controlo da imprensa. Ao lado de regras de comportamento, definidas pela positiva, existe a ameaça de conseqüências drásticas para os infratores que queiram relatar com independência as suas observações no terreno.


A imprensa na frente de combate
As regras passam essencialmente por um programa de nome “Embedded correspondents” (qualquer coisa como “correspondentes enquadrados”), no qual participarão pelo menos uns 500 jornalistas, segundo o porta-voz do Pentágono, Timothy Blair, citado pelo diário alemão “Süddeutsche Zeitung”.

As novas normas de controlo dos jornalistas estão continuamente a ser elaboradas sob os auspícios do ministério de Donald Rumsfeld. Elas impedem os correspondentes de guerra de designar os locais e os momentos das operações militares com precisão e prescrevem-lhes os trajetos que podem realizar. Elas tratam de desencorajar qualquer iniciativa de “free lancers” e limitam aos jornalistas “enquadrados” as deslocações para os mais sensíveis teatros de guerra. Nesses, apenas poderão movimentar-se as equipas criteriosamente selecionados.

Assim, as cadeias de televisão alemãs têm vindo a manifestar o receio de ficarem, para o que se passar nos momentos e nos locais decisivos, na dependência das imagens recolhidas por equipas da CNN, da CBS ou da BBC. E na previsão dessa eventualidade têm já contratos com essas cadeias mais bem situadas na relação com o Pentágono.

Apreensão de equipamentos e ameaça de "friendly fire"

Um procedimento que está agora a ser utilizado é a recolha de todos os equipamentos de filmagem pelos responsáveis militares, logo no ato de “enquadrar” os jornalistas. A entrega dos equipamentos passa então a depender de cada utilização concreta e pontual, previamente comunicada e aprovada.

Conseqüência perversa deste controlo é a advertência que a prestigiada jornalista Kate Adie diz ter recebido de um funcionário do Pentágono: qualquer equipamento detectado a filmar ou a gravar em zonas não-autorizadas tornar-se-á automaticamente alvo do fogo das forças norte-americanas.

A ser levada à prática esta ameaça, ela constituiria mais um passo em relação aos bombardeamentos da televisão iugoslava em 1999 e ao bombardeamento das instalações da Al-Jazira em 2001. Seria, no entanto, o passo altamente significativo de fazer fogo contra jornalistas ocidentais que tenham recusado deixar-se arregimentar no programa “embedded correspondents”.

A desconfiança dos responsáveis militares em relação à imprensa não resulta apenas da eventualidade de esta testemunhar fatos comprometedores. Com algum fundamento, os chefes da guerra vêem na imprensa uma atitude predominante de objeção ao conflito.

A imprensa na retaguarda

No Reino Unido, por exemplo, a BBC tem sido atacada pelos conservadores como pró-governamental, com o gracejo de que as suas iniciais passaram a significar "Blair Broadcasting Corporation". Por outro lado, os blairistas queixam-se de haver na prestigiada estação radiofônica e televisiva muita hostilidade à deriva belicista do governo e têm respondido que as iniciais significam, na verdade, "Baghdad Broadcasting Corporation".

Na verdade, quando Tony Blair foi colocado diante de um painel de cidadãos para discutir a guerra, viu-se confrontado com epítetos como o de "vice-presidente e honorável deputado de Texas-Norte", sem que houvesse no público ninguém disposto a tomar a sua defesa. O próprio moderador do debate lhe perguntou sarcasticamente se costumava rezar em conjunto com o seu amigo George W..

Mais sorte ou mais artes de controlar a sua própria televisão tem o outro pilar europeu da política de guerra. O presidente do governo espanhol, José Maria Aznar, conta com um apoio incondicional da TVE, a televisão pública espanhola.

No entanto, a parcialidade desse apoio tem vindo a ser amplamente criticada pelo público que, desde a catástrofe do "Prestige" até às importantes manifestações anti-guerra, se acha mal representado nos critérios editoriais da TVE. Dentro da estação criou-se entretanto um "Comitê contra a Manipulação das Notícias", com a participação de mais de uma centena de trabalhadores.

A imprensa escrita, do "El País" ao "El Mundo", tem vindo a criticar a associação de Aznar à política de guerra e a alegada manipulação praticada pela TVE.

António Louçã, RTP Multimédia

14/04/03

Incendiada a Biblioteca Nacional de Bagdá

Fonte: www.oglobo.com.br
BAGDÁ - A Bibioteca Nacional de Bagdá, onde havia documentos originais de grande valor, foi incendiada por saqueadores. Localizada em frente ao Ministério da Defesa, o Palácio do Saber, construído em 1951, é também a sede do Centro Nacional de Arquivos.

O incêndio ocorreu dois dias depois que foi saqueado o Museu Nacional de Bagdá, que abrigava a coleção mais importante de obras da antiquidade do Oriente Médio.

Enquanto reina o caos anárquico, o único lugar preservado militarmente é o ministério do petróleo. E eles dizem que não querem nada com isso...

14/04/03

CURIOSIDADE:


General americano diz que EUA têm amostras com o DNA de Saddam Hussein
Reuters

CAMPO AS SAYLIYA - O comandante das tropas americanas no Iraque, general Tommy Franks, disse neste domingo que os EUA têm uma amostra do DNA de Saddam Hussein e que devem usá-la para checar se o ditador foi morto.

- Ou ele está morto ou está correndo muito - ironizou Franks, durante uma entrevista à rede de TV americana CNN, no Comando Central no Qatar.

O general disse que os americanos já vasculham os locais suspeitos em busca da confirmação da morte de Saddam.

- Pessoas apropriadas com o material apropriado estão fazendo seus trabalhos... em cada um dos lugares onde suspeitamos que a liderança iraquiana possa ter sido morta.

Dois "ataques de decapitação" foram lançados contra Bagdá desde o começo da guerra. Seguindo informações de fontes de inteligência, bombardeiros americanos atacavam alvos onde se suspeitava estar Saddam Hussein e seus filhos.

09/04/03

Pensamentos

-É uma vergonha observar que o mundo está tendo a sua inteligência insultada a cada instante com as informações e desculpas dadas pela coalizão anglo-americana.É igualmente vergonhoso ver que o mundo se mantém calado perante o desenvolvimento de uma doutrina injusta, autoritária e senhora da verdade. Isso terá reflexos graves em breve para toda a humanidade.

- A ONU é sem dúvida, a partir de agora, uma instituição desacreditada e obsoleta.
09/04/03
Câmera com sangue de fotógrafo ferido em
ataque dos Estados Unidos ao Iraque
Cinegrafista do canal espanhol Telecinco, ferido em disparo
de míssil contra o Hotel Palestine, em Bagdá



Três jornalistas morrem em ataques em Bagdá
12h34 - 08/04/2003

BAGDÁ, Iraque (Reuters) - Um tanque dos Estados Unidos disparou contra um hotel de Bagdá repleto de jornalistas estrangeiros na terça-feira, matando dois cinegrafistas, um deles da Reuters e o outro da televisão espanhola.

Um terceiro jornalista, da Al Jazeera, morreu no que a rede de TV árabe disse ser um ataque aéreo dos EUA contra o seu escritório.

Outros três integrantes da equipe da Reuters -- uma repórter, um fotógrafo e um técnico -- ficaram feridos no ataque ao hotel.

Jornalistas viram o tanque norte-americano apontando o canhão para o Hotel Palestine, que abriga a maioria da imprensa internacional na capital iraquiana. Segundos depois, uma bomba caiu no escritório da Reuters no 15o. andar, com um barulho ensurdecedor.

Os militares dos EUA disseram ter disparado em resposta a um ataque vindo do hotel, mas jornalistas duvidaram da alegação.

Os oficiais lamentaram as mortes, mas disseram que Bagdá é uma zona de guerra e não se pode dar garantias.

O cinegrafista da Reuters Taras Protsyuk, 35, que era ucraniano e tinha como base Varsóvia, morreu no hospital.

"Estamos chocados com a morte de Taras, que se destacou com sua cobertura altamente profissional em alguns dos mais violentos conflitos da última década", disse Geert Linnebank, editor-chefe da Reuters. Ele afirmou que a perda foi "desnecessária" e levantou questões sobre o discernimento dos soldados avançando na capital iraquiana.

Taras Protsyuk já havia participado de coberturas de conflitos na Chechênia, no Afeganistão e nos Bálcãs. Ele deixou mulher e um filho de 8 anos.

A televisão espanhola Telecinco afirmou que Jose Couso, 37, também morreu no hospital depois de ser atingido no maxilar e na perna.

Em um outro incidente na terça-feira, a rede de TV árabe Al Jazeera disse que o repórter e produtor Tarek Ayoud morreu em um ataque dos EUA contra o escritório da televisão em Bagdá.

"Nós fomos alvejados porque os americanos não querem que o mundo veja os crimes que estão cometendo contra o povo iraquiano", disse o correspondente da Al Jazeera em Bagdá Majed Abdel Hadi.

UM DISPARO

O comandante da 3a. Divisão de Infantaria dos EUA afirmou à Reuters que o tanque havia realizado um único disparo contra o Hotel Palestine depois de ter sido atacado.

"Um tanque foi atingido por tiros de pequeno calibre e por granadas impulsionadas por foguete vindos do hotel e respondeu ao ataque com um disparo", declarou o general Buford Blount.

Samia Nakhoul, chefe do escritório da Reuters no Golfo, e o fotógrafo iraquiano Faleh Kheiber foram tratados em um hospital por ferimentos no rosto e na cabeça. Os médicos informaram que os ferimentos não são graves.

O técnico britânico de televisão por satélite Paul Pasquale também foi levado para o hospital com ferimentos nas pernas, e os médicos disseram que ele está fora de perigo.

Os quatro jornalistas integravam a equipe de 18 profissionais da Reuters em Bagdá.

Oficiais norte-americanos afirmaram ter havido relatos sobre franco-atiradores no hotel. No entanto, um repórter britânico que viu o tanque preparando a mira disse não ter ouvido nenhum outro disparo.

"Não ouvi um único tiro vindo de qualquer área próxima daqui, e certamente não do hotel", afirmou David Charter, do canal de TV Sky.

Sobre o incidente no escritório da Al Jazeera, o Comando Central dos EUA no Catar disse que as forças americanas ficaram sob "significativo fogo inimigo" do prédio da rede e responderam em autodefesa.

Tanques, peças de artilharia e aviões dos EUA bombardearam as forças iraquianas no centro de Bagdá durante toda a manhã de terça-feira. Os iraquianos responderam com alguns disparos de artilharia e com granadas impulsionadas por foguete.

ALVOS LEGÍTIMOS

Um oficial do Pentágono que pediu para não ser identificado disse à Reuters que as unidades iraquianas estacionadas em áreas civis como hotéis seriam alvos legítimos das forças invasoras.

"Nossos alvos serão apenas forças militares. E, se elas estacionarem em áreas civis, continuam sendo alvos legítimos. Dissemos muito claramente que Bagdá se tornaria uma área muito perigosa. Isso é uma zona de guerra", disse o capitão Frank Thorp, porta-voz das Forças Armadas dos EUA.

Antes de terça-feira, ao menos seis jornalistas haviam morrido durante a guerra no Iraque, iniciada em 20 de março.



Luto e revolta no Hotel Palestina de Bagdá
15h03 - 08/04/2003



BAGDÁ, 8 abr (AFP) - Dezenas de jornalistas alojados no Hotel Palestina de Bagdá, onde está instalada a imprensa internacional, achavam-se nesta terça-feira de luto e com um sentimento de revolta, depois que três de seus colegas morreram devido a um projétil americano que atingiu o prédio.

Na barraca que abriga os equipamentos de transmissão da agência Reuters, no telhado do Palestina, Ahmad Bahado chora a morte de seu amigo Taras Protsyuk, de 35 anos.

Bahado limpa com lenços de papel branco o sangue que salpicou da câmara que utilizava Taras, morto por um obus americano que atingiu o hotel. As lágrimas correm por sua face e a dor o impede de falar.

Um colega do cinegrafista, que morreu em conseqüência de ferimentos no abdômen e na cabeça, bate seu capacete contra o elevador que o leva ao décimo-quinto andar, onde o obus destroçou o quarto em que trabalhavam os jornalistas da Reuters.

"Quando vão parar com sua estupidez os americanos?", pergunta furioso.

Um vídeo gravado pelo canal de televisão France 3 mostra claramente o momento em que o canhão de um tanque americano, posicionado na margem oeste do rio Tigre, gira em direção ao Hotel Palestina, situado a 300 metros, aponta cuidadosamente e dispara.

O objetivo era simples. O obus atingiu a fachada do prédio às 11H59 locais (04H59 de Brasília) e fez saltar pelos ares a varanda de onde os jornalistas acompanhavam a encarniçada batalha que se travava do outro lado do Tigre.

"Estou chocado com a brutalidade do ataque. É necessário atacar um prédio no qual há jornalistas ainda que houvesse um franco-atirador?", indaga Thomas Alcoverro, com 35 anos de experiência na profissão e enviado especial do jornal espanhol La Vanguardia.

Com efeito, os americanos disseram que se sentiram ameaçados por disparos isolados de iraquianos que pareciam ter se refugiado no Hotel Palestina. Nenhum indício permite corroborar essa afirmativa. Todos os jornalistas consultados indicaram que não tinham visto nenhum disparo proveniente do hotel.

"E se realmente houvesse um franco-atirador, os americanos deveriam ter apontado contra ele. Está claro que não apontavam contra ninguém em particular porque o obus atingiu a varanda", protesta Lilli Gruber, enviada especial do canal de televisão italiano RAI UNO.

De fato, os jornalistas estrangeiros achavam até esta terça-feira que esta guerra respeitaria as regras mínimas, ao contrário dos conflitos civis, com milícias irregulares e sem linha de frente bem estabelecida.

No 14º andar do Palestina, um cinegrafista espanhol, José Cuoso, 37 anos, foi atingido na perna direita e no queixo e morreu durante a operação. Paul Pasquale, um técnico britânico da Reuters responsável pela retransmisssão via satélite, foi ferido nas pernas.

Samia Nakjul, chefe do escritório do Golfo, de origem palestina, sofreu ferimentos no rosto. Faleh Jeiber, um fotógrafo iraquiano, foi atingido na cabeça. Antes, o correspondente Tarek Ayub, do canal Al-Jazeera, tinha sido morto por um bombardeio americano contra a redação de seu canal.

Nesta terça-feira à noite, lençóis brancos estavam pendurados na fachada do Palestina para lembrar aos soldados americanos que os jornalistas são neutros e devem ser protegidos.

FONTE: UOL NOTÍCIAS

07/04/03

Hospitais iraquianos, mal-equipados e lotados, oferecem visão instantânea do horror da guerra

FONTE: www.oglobo.com.br

BAGDÁ - Ali Ismael Abbas, de 12 anos, estava dormindo quando a guerra estraçalhou sua vida. Um míssil caiu sobre sua casa e matou a maior parte de sua família, deixando-o órfão, profundamente queimado, e detonando seus dois braços.

- Era meia-noite quando o míssil caiu sobre nós. Meu pai, minha mãe e meu irmão morreram. Minha mãe estava grávida de cinco meses - disse o menino, internado no hospital de Kindi. - Nossos vizinhos me tiraram e me trouxeram aqui. Eu estava inconsciente.

Além da tragédia de perder seus pais, ele enfrenta o horror de viver sem os dois braços. Pensando sobre seu futuro incerto, ele pergunta, timidamente, se pode conseguir membros artificiais.

- Você pode me ajudar a ter meus braços de volta? Você acha que os médicos podem me dar outras mãos? - pergunta ele a jornalistas. - Como posso ser médico um dia, sem os braços? Se eu não conseguir mãos eu me matarei - promete, com lágrimas rolando por suas bochechas.
Sua tia, três primos e outros parentes estão que estavam em sua casa também morreram no ataque aéreo, que aconteceu esta semana a leste de Bagdá. A área onde estava a casa de Ali era rodeada por instalações militares. Sua tia, Jamila Abbas, de 53 anos, cuida dele, o alimenta, o lava e reza por ele, dizendo que seu pais foram para o céu.

O sofrimento de Abbas dá uma visão dos horrores diários dos civis na guerra devastadora dos EUA para derrubar Saddam Hussein. No hospital de Kindi, a equipe não consegue dar conta das baixas civis desde que as tropas se aproximaram de Bagdá e intensificaram seus ataques aéreos, na quinta-feira.

Ambulâncias correm sem parar vindas da capital. Vítimas após vítimas são levadas, muitas carregadas em lencóis, depois que as macas se esgotaram. Os médicos brigam para encontrar leitos. Os enfermeiros não conseguem sequer limpar o sangue das macas. Os pacientes gritam de dor e os brados de dor e desesperos de parentes das vítimas ecoam pelos corredores.

O doutor Osama Saleh al-Duleimi, um cirurgião ortopédico e diretor-assistente de Kindi, disse estar sobrecarregado. Não há mais anestesia, analgésicos e enfermeiros. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha está fazendo rondas em hospitais, tentando fornecer kits de cirurgia e primeiros socorros.

Médicos que trataram vítimas iraquianas de duas outras guerras - contra o Irã e a Guerra do Golfo - disseram estar impressionados com os ferimentos que presenciam desta vez. A maior parte dos feridos chega com traumas múltiplos ou ferimentos fatais - de armas claramente mais letais.

- Sou médico há 25 anos e isto é o pior que vi até hoje - disse Duleimi.
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Pedimos PAZ e BEM
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