terça-feira, 28 de julho de 2009
Saiba mais sobre o grupo basco ETA
Saiba mais sobre o grupo basco ETA
22 de março de 2006 • 13h38 • atualizado às 14h11
Há quase 40 anos a organização extremista ETA está empenhada em uma campanha armada pela independência de sete regiões no norte da Espanha e sudoeste da França, que os separatistas bascos dizem ser seu território. O Euskadi Ta Azkatasuna (ETA), cujo nome significa Pátria Basca e Liberdade, surgiu na década de 60 como um movimento de resistência estudantil que se opunha radicalmente à ditadura militar do general Francisco Franco.
No regime de Franco, a língua basca foi proibida, a cultura local foi suprimida e intelectuais bascos, presos e torturados por suas posições culturais e políticas. Houve grande resistência a Franco no País Basco. Sua morte, em 1975, mudou tudo, e a transição para a democracia trouxe alguma autonomia para a região, que tem dois milhões de habitantes.
Mas apesar do fato de a parte espanhola do País Basco gozar de alguma autonomia - tem seu próprio Parlamento, polícia, educação e coleta de seus próprios impostos - o ETA e seus partidários linha-dura estão determinados a lutar por independência total.
Essa luta provocou mais de 800 mortes nas últimas três décadas - muitas das vítimas entre membros da Guarda Civil, a polícia nacional espanhola, e entre políticos locais e nacionais que se opuseram à reivindicação do ETA. Apesar disso, seu poder teria se erodido nos últimos anos. Analistas vinham discutindo se o grupo é uma força em vias de extinção ou simplesmente aguarda o momento de atacar de novo.
Durante a ditadura de Franco na Espanha
1937: General Franco ocupa o país Basco. Até então, os bascos tinham direito a um pouco de autonomia, mas o ditador espanhol cancela qualquer privilégio e reprime duramente a aspiração dos bascos por independência.
1959: O ETA é formado, com o objetivo de criar um País Basco independente. A sigla significa Euzkadi Ta Askatasuna (Pátria Basca e Liberdade).
1961: a campanha de violência do ETA se inicia, com uma tentativa de descarilar um trem que levava políticos.
1968: O ETA mata sua primeira vítima, Melitón Manzanas, um dos líderes da polícia secreta na idade de San Sebastián.
A violência continua
Dezembro de 1973: Nacionalistas bascos matam em Madri o primeiro-ministro espanhol, almirante Luís Carrero Blanco, em retaliação a execuções de militantes bascos pelo Governo.
1978: Fundado o braço político do ETA, o HB (Herri Batasuna).
1980: Até este ano, 118 já haviam morrido em atentados ligados ao ETA.
1995: Tentativa de assassinato do então líder do partido de oposição PP, José Maria Aznar (atual primeiro-ministro), na explosão de um carro-bomba.
Novo Governo
Março de 1996: O PP, de direita, vence as eleições gerais. O grupo extremista considera a chegada do partido ao poder um retorno à ditadura de Franco.
1997: Início da campanha do ETA contra políticos do PP no País Basco. Julho de 1997: O ETA é acusado de seqüestrar e matar um conselheiro muncipal basco, Miguel Ángel Blanco, provocando revolta popular e levando seis milhões de espanhóis a participar de protestos nas ruas do país.
Dezembro de 1997: 23 líderes do HB são presos por sete anos, por colaborarem com o ETA. Essa foi a primeira vez que membros do partido foram presos por cooperação com o grupo extremista.
Negociações
Março de 1998: Os principais partidos políticos da Espanha iniciam negociações em busca do fim da violência no País Basco. O governo não se envolve nas conversas.
Setembro de 1998: O ETA anuncia o seu primeiro cessar-fogo por tempo indefinido desde o início de suas atividades.
Maio de 1999: Representantes do governo espanhol e do ETA têm em Zurique, na Suíça, o primeiro e único encontro realizado até hoje.
Agosto de 1999: O primeiro-ministro, José Maria Aznar, acusa do ETA de ter "medo da paz" e pede ao grupo que mostre seu comprometimento. Em seguida, o ETA confirma que as negociações com Madri foram canceladas.
Novembro de 1999: O grupo separatista anuncia o final de seu cessar-fogo de 14 meses, culpando o governo pela falta de progresso nas negociações de paz.
A volta da violência
Janeiro de 2000: Carro bomba explode em Madri.
Fevereiro de 2000: Carro-bomba na cidade basca de Vitória mata um político socialista e seu guarda-costas.
Julho de 2000: O conselheiro municipal da cidade andaluz de Málaga, José María Martín, do PP, é morto a tiros.
Agosto de 2000: Um carro carregado com armas explode em Bilbao, matando quatro pessoas suspeitas de serem ativistas do ETA. Dois oficiais da polícia espanhola são mortos em um atentado a bomba no vilarejo de Sallent de Gallego, no País Basco, perto da fronteira da Espanha com a França.
Setembro de 2000: Um político do PP, José Luíz Ruíz Casado, é morto perto de sua casa, na capital catalã Barcelona. No dia seguinte, o ETA assume a autoria desse e de outros atentados cometidos anteriormente.
Outubro de 2000: Cerca de 100 mil bascos realizam uma marcha em Bilbao, para mostrar sua insatisfação com a campanha de violência do ETA.
Fevereiro de 2001: Convocadas eleições gerais no País Basco, a se realizarem no dia 13 de maio.
Políticos são alvo
Março de 2001: Froilan Elexpe, um político local, é assassinado na cidade de Lasarte, perto de San Sebastián. Desde o final do cessar-fogo, em dezembro de 1999, o ETA foi responsabilizado por 28 mortes.
Maio de 2001: Manuel Jimenez Abad, da cúpula do Partido Popular, é morto a tiros na cidade de Zaragoza uma semana antes das eleições para o Parlamento basco.
Novembro de 2001: O juiz José Maria Lidon foi morto a tiros em Bilbao, menos de 24 horas depois que um carro bomba explode e deixa quase 100 feridos em Madri. Lidon, que não estava em nenhuma lista conhecida de ataques do ETA, havia condenado seis simpatizantes do ETA a longas penas de prisão em 1987.
Dezembro de 2001: A União Européia declara o ETA uma organização terrorista - pela primeira vez os todos os governos dos 15 países-membros do bloco definem o ETA dessa forma, em uma vitória diplomática significativa para o governo espanhol.
Julho de 2002: Juiz Baltazar Garzon ordena o confisco de 18 milhões de euros pertencentes ao Batasuna.
Agosto de 2002: O juiz Garzon suspende o Batasuna por três anos alegando que ele é parte do ETA que, ele declara, é "culpado de crimes contra a Humanidade". O Parlamento, enquanto isso, busca uma proibição por tempo indeterminado para o Batasuna.
Setembro de 2002: A polícia francesa prende um homeme e uma mulher suspeitos de serem líderes do ETA depois de uma operação conjunta com a polícia espanhola. Acredita-se que o homem, Juan Antônio Olarra Guribi, seria o chefe militar do grupo.
Dezembro de 2002: O suposto chefe de logística do ETA, Ibon Fernandez Iradi, escapa da custódia da polícia no sul da França apenas três dias depois de ter sido capturado perto da fronteira espanhola.
Fevereiro de 2003: O governo da Espanha fecha o jornal basco Euskaldunon Egunkaria alegando que ele está ligado ao ETA, mas um novo jornal basco, Egunero, chega às bancas no dia seguinte trazendo a manchete "Fechado mas não silenciado".
Março de 2003: A Suprema Corte da Espanha proíbe o Batasuna permanentemente em resposta a um pedido do governo. É a primeira vez, desde a morte de Franco, em 1975, que um partido político é colocado na ilegalidade na Espanha.
Maio de 2003: Os Estados Unidos declaram o Batasuna um grupo terrorista. A União Européia faz o mesmo um mês depois.
Julho de 2003: Bombas explodem com um intervalo de poucos minutos nos balneáreos espanhóis de Alicante e Banidorm, ferindo pelo menos 13 pessoas. Cinco dias depois, outra bomba explode em um estacionamento no aeroporto de Santander.
Novembro de 2003: A polícia espanhola prende 12 supostos líderes do ETA em uma série de batidas.
Dezembro de 2003: A polícia recaptura o suposto chefe de logística do ETA, Ibon Fernandez Iradi, na cidade francesa de Mont-de-Marsan.
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