ESCUDO ANTIMÍSSIL NA EUROPA É ATO DE GUERRA.
Terça-feira, Agosto 21, 2007
A instalação de um sistema de defesa antimísseis na Europa oriental é, na prática, uma declaração de guerra. Experimentem imaginar como reagiria a América se a Rússia, a China, o Irã ou qualquer outra potência estrangeira ousasse pensar, em instalar um sistema de defesa antimísseis na fronteira dos EUA ou na sua proximidade, ou se executasse, de fato, este plano.
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Nestas circunstâncias inimagináveis, seria quase certa uma violenta reacção americana, e mesmo compreensível, por razões claras e simples. É notório, em todo o mundo, que a defesa antimísseis é uma arma de primeiro ataque.
Analistas militares americanos acreditados descrevem-na do seguinte modo: «Não apenas um escudo, mas uma disposição para a acção». Irá «facilitar uma aplicação mais eficaz do poderio militar dos EUA no estrangeiro». «Ao isolar o país das represálias, a defesa antimísseis irá garantir a capacidade e disponibilidade dos EUA para ‘moldar’ a envolvente noutras regiões do mundo». «A defesa antimísseis não serve para proteger a América. É um instrumento que visa a dominação mundial». «A defesa antimísseis serve para manter a capacidade americana de exercer o seu poder no estrangeiro. Não diz respeito à defesa: é uma arma ofensiva e é por isso que temos necessidade dela».
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Todas estas citações provêm de fontes liberais credíveis pertencentes à tendência dominante, que pretenderia desenvolver o sistema e instalá-lo nos limites extremos da dominação mundial dos EUA. A lógica é simples e fácil de compreender: um sistema de defesa antimísseis funcional informa os potenciais objectivos que «serão atacados se o quisermos e não terão capacidade de resposta, consequentemente não nos poderão impedir».
O sistema está a ser vendido aos Europeus como defesa contra os mísseis iranianos. Mesmo se o Irão dispusesse de armas nucleares e de mísseis de longo alcance, as probabilidades de que os utilize para atacar a Europa são inferiores à da queda de um asteróide na Europa. Se se tratasse verdadeiramente de uma questão de defesa, então a República Coreana deveria instalar um sistema para defender-se dos asteróides.
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Se o Irão desse o mais pequeno sinal de pretender cometer tal acto, o país seria pulverizado. De facto, o sistema está apontado para o Irão mas como arma de primeiro ataque. Faz parte das ameaças crescentes dos EUA com o fim de atacar o Irão, ameaças que constituem em si mesmas uma violação grave da Carta das Nações Unidas, mesmo se o assunto não é abordado.
Quando Mikhail Gorbatchev autorizou a Alemanha unificada a integrar uma aliança militar hostil, aceitou que uma ameaça grave pesasse sobre a segurança da Rússia, por razões sobejamente conhecidas que dispensam aqui uma actualização.
Em troca, o governo dos EUA comprometeu-se a não alargar a NATO para Leste. Este compromisso foi violado uns anos mais tarde, sem suscitar muitos comentários no Ocidente, mas aumentando o perigo de um confronto militar. A dita defesa antimísseis aumenta o risco de estalar uma guerra. A «defesa» consiste em aumentar as ameaças de agressão ao Médio Oriente, com consequências incalculáveis, e o perigo de uma guerra nuclear final.
Há mais de meio século, Bertrand Russell e Alfred Einstein lançaram um apelo aos povos do mundo para que tomassem consciência do facto de nos encontrarmos perante uma escolha «inequívoca, terrível e instável». Devemos acabar com a raça humana ou estará a humanidade disposta a renunciar à guerra?». Aceitar o dito «sistema de defesa antimísseis» dá lugar à escolha do fim da raça humana num futuro não muito longínquo.
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