sexta-feira, 2 de abril de 2010
A vida pregressa de Ariel Sharon
A vida pregressa de Ariel Sharon
Sharon simplesmente decidiu aproveitar uma oportunidade “de ouro”, quando os olhos do mundo inteiro estavam fixos em Nova York e em Washington, para fazer “reinar a ordem” em Jenine: 13 mortos e cerca de 200 feridos, alguns em estado grave
Amnon Kapeliouk
Tanques e helicópteros de combate participaram da catastrófica operação: uma selvageria de 220 horas que aterrorizou os 45 mil habitantes da cidade
Oito horas após os atentados terroristas de 11 de setembro, nos Estados Unidos, o primeiro-ministro israelita, general Ariel Sharon, mandava seus soldados e seus tanques invadir Jenine, uma cidade palestina autónoma que fica no norte da Cisjordânia, para fazer “reinar a ordem”. Nenhum acontecimento justificava tal expedição, que violava uma soberania palestina já muito enfraquecida pelas sucessivas incursões israelitas na zona A (autónoma). Sharon simplesmente decidiu aproveitar essa oportunidade “de ouro”, quando os olhos do mundo inteiro estavam fixos em Nova York e em Washington, para “surpreender os terroristas”.
Durante nove dias, o exército israelita fez o que quis em Jenine. Treze pessoas foram mortas e cerca de 200 ficaram feridas - dentre as quais, algumas dezenas de modo grave - nessa operação. Os tiros danificaram quatrocentos edifícios e destruíram várias dezenas. Uma das ruas dá a impressão de ter sido literalmente bombardeada. Tanques e helicópteros de combate Apache participaram dessa catastrófica operação: uma selvageria de 220 horas que aterrorizou os 45 mil habitantes da cidade.
O mesmo Sharon de sempre
Quando de sua eleição como chefe de governo, havia quem esperasse ver um “novo Sharon”, mais moderado, menos agressivo. Bobagem: era o Sharon de sempre
O general Sharon ignora a resistência à ocupação e à repressão: conduz uma “guerra contra o terrorismo”. Por isso põe em prática as execuções sumárias (mais de cinquenta em um ano de Intifada>), a destruição de casas e dos campos, a derrubada de dezenas de milhares de árvores, principalmente oliveiras, e o confisco das terras palestinianas. Destruições de um lado, construções do outro: as das colónias israelitas criadas nos territórios ocupados. O bloqueio das cidades e das aldeias palestinianas provoca um desemprego sem precedentes, que atinge 50% da mão-de-obra. Numerosas mulheres palestinianas tiveram de dar à luz no chão, perto de barreiras israelitas cujos soldados se mostraram inflexíveis - dois bebés morreram ao nascer.
Agindo assim, Sharon continua, sem interrupção, uma vida inteiramente dedicada ao combate aos árabes. Das incursões além-fronteiras na década de 50, à frente da unidade militar 101 – de sinistra reputação – à sua política actual como primeiro-ministro, seu método não mudou: resume-se ao uso da força e da destruição e tem por base o desprezo pela vida de seus adversários árabes. Quando de sua eleição como chefe de governo, em fevereiro de 2000, havia quem esperasse ver um “novo Sharon”, mais moderado, menos agressivo. Desejo ingénuo: à frente do país estava o mesmo Sharon que se conhecia desde as operações de represália de há quase cinquenta anos.
Uma “competência” exorbitante
Uma de seus primeiros feitos foi em Qibya, na Cisjordânia, em outubro de 1953: com 600 quilos de explosivos, explodiu 45 casas com os moradores dentro
Uma das primeiras dessas operações ocorreu na cidadezinha palestina de Qibya, na Cisjordânia, em outubro de 1953. Em represália a um ataque sangrento realizado por um grupo de palestinos infiltrados em Israel, o Estado-Maior exigira-lhe que explodisse algumas casas do vilarejo, afugentando os moradores. O jovem “Arik” Sharon preferiu outro plano: seus soldados levaram 600 quilos de explosivos e explodiram 45 casas com os moradores dentro. Sessenta e nove pessoas, a metade formada por mulheres e crianças, morreram sob os escombros. O número de feridos chegou a várias dezenas.
Não foi, de modo algum, um caso isolado: as operações conduzidas por Sharon por detrás das linhas do armistício com os países árabes terminavam, em geral, com um número muito alto de perdas do lado do adversário - muito mais do que o Estado-Maior ou o governo lhe haviam ordenado. Em fevereiro de 1955, o ataque que dirigiu contra um campo militar egípcio, em Gaza, provocou a morte de trinta e oito soldados egípcios, quase todos caídos numa emboscada armada por soldados de Sharon. Foi depois dessa afronta que o presidente egípcio, Gamal Abdel Nasser, decidiu concluir uma importante transacção de armas com o bloco soviético. Em dezembro do mesmo ano, um ataque contra as posições sírias, bem perto do lago de Tiberíades, resultou na morte de 56 soldados sírios. O primeiro-ministro à época, David Ben Gurion, um célebre “falcão”, ficou preocupado com os resultados “bons demais” do jovem e ardente oficial. O coronel Moshe Dayan explica-lhe: “O placar de Arik conta-se por dezenas de mortos. Ele nunca terminou uma operação com menos de várias dezenas de mortos nas fileiras do inimigo1.”
Destruição e devastação
Em 1955, o primeiro-ministro, David Ben Gurion, um célebre “falcão”, ficou preocupado com os resultados “bons demais” do jovem e ardente oficial
http://sol.sapo.pt/blogs/yusuf/archive/2007/01/11/Jenine-2001_2D00_-A-vida-pregressa-de-Ariel-Sharon.aspx
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