domingo, 24 de outubro de 2010

As provas dos crimes de guerra "contra o terrorismo internacional"

05/08/2010 - 12:08

As provas dos crimes de guerra "contra o terrorismo internacional"


Soldado raso escancara segredos do Pentágono

Cabul - Massacres de crianças e civis desarmados, "esquadrões de morte", malversação dos milhões de dólares destinados à ajuda da população afegã, "facadas pelas costas" (traições) pelos serviços secretos do Paquistão - que com os recursos enviados pelos EUA ajudam o Talibã - constituem parte das revelações dos dossiês secretos do Exército norte-americano que conseguiu o site Wiki Leaks e os enviou aos jornais The New york Times (EUA) e The Guardian (Grã-Bretanha) e à revista Der Spiegel (Alemanha), liberando a publicação dos dossiês com a condição de ser simultânea.

Os dossiês descrevem, com minúcias, 144 ocorrências, em consequências das quais morreram pelo menos 195 civis desarmados e 174 ficaram feridos, todos por ataques de forças dos EUA e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) aqui, no Afeganistão.

Certas mortes foram resultado de ataques aéreos, enquanto em outras motoristas ou motociclístas civis foram alvejados por soldados dos EUA-Otan com a justificativa de que desconfiaram tratar-se de ataques suicidas.

Em 2008, forças francesas - reprisando o terror francês na Argélia - abriram fogo contra um ônibus escolar lotado de crianças, ferindo várias delas, enquanto, em semelhante "operação" realizada por soldados norte-americanos, 25 passageiros de um ônibus foram mortos ou ficaram feridos.

Outro dossiê fornece informações sobre o denominado "fiasco do orfanato". Em novembro de 2006, com recursos do Fundo para a Reconstrução do Afeganistão, foi inaugurado, após ter sido plenamente equipado - inclusive com roupas, alimentos e brinquedos - o orfanato da cidade de Gandez.

Mas, algumas semanas mais tarde, todos os equipamentos, móveis, roupa, alimentos e brinquedos desapareceram e o orfanato ficou totalmente vazio, sem sequer hospedar uma única das 102 crianças que supostamente haviam encontrado teto ali.



Inimigo aliado



Um relatório do Exército dos EUA, com a classificação de "secreto", com data 14 de janeiro do ano passado, relata que oficiais de alta patente dos serviços secretos do Paquistão - que se declara aliado fiel dos EUA na "guerra contra o terrorismo internacional" - colaboravam com o Talebã e com a Al Qaeda, contra as forças dos EUA-Otan no Afeganistão.

De acordo com o relatório, a colaboração com o Talebã e com a Al Qaeda contaminou os mais altos escalões governamentais do Paquistão, inclusive o ex-chefe do serviço secreto paquistanês, Hamid Ghiul.

Tentando apagar o incêndio em consequência da revelação do material secreto, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse que "destes dossiês não surgem novas informações sobre temas que não tenham sido já discutidos publicamente".

E, em seguida, julgando não ter sido bem convincente, acrescentou: "Os dossiês revelados referem-se aos mesmos desafios que me levaram a fazer uma revisão geral de nossa política sobre o Afeganistão, em outono passado".

E, ato contínuo, sentenciou: "Por sete anos - destacou, referindo-se ao governo de Busj Jr. - fracassamos em nossa tentativas para materializar uma estratégia suficiente".



Georges Pezmatzoglu

Correspondente.



Quem é o soldado Bradley Manning, que será julgado por corte marcial

Cabul - Ao que tudo indica, um soldado norte-americano de 22 anos, Bradley Manning, é o responsável secreto pelo maior vazamento de segredos militares na história do Pentágono dos EUA. É aquele que baixou em seu computador os 92 mil arquivos secretos do Exército dos EUA sobre a guerra EUA-Otan "contra o terrorismo internacional" e os entregou aos responsáveis pelo site de revelações Wiki Leaks.

"Esta é a verdade sobre os crimes de guerra no Afeganistão", declarou o fundador do site e ativista de 39 anos, Julian Assange, que, obviamente, divulgou todos os 92 mil documentos.

O soldado Manning foi preso em maio deste ano no Iraque, onde prestava serviço no Exército norte-americano como analista de dados, e desde então encontra-se encarcerado em prisão militar dos EUA no Kuwait, enquanto aguarda ser julgado por corte marcial.

O líbelo acusatório o aponta como "responsável por divulgação de dados secretos que dizem respeito à segurança nacional dos EUA", crime passível a pena máxima de 52 anos de reclusão em regime fechado.

Entretanto, a divulgação de dados da qual é acusado Manning não se refere ao tsunami de dossiês que vazou sobre os crimes de guerra cometidos no Afeganistão, mas a divulgação de um curto vídeo gravado a bordo de um helicóptero militar dos EUA, que mostra no solo um grupo de soldados norte-americanos insultando com palavras de baixo calão e, em seguida, fuzilando - a sangue-frio - dois jornalistas e um número não apurado de civis desarmados, durante um suposto entrevero nas ruas de Bagdá, em 2007.



Lady Gaga



O papel de Manning no vazamento dos 92 mil documentos militares secretos, assim como de outros 260 mil memorandos internos da Secretaria de Estado dos EUA, uma pequena parte dos quais já foi divulgada pelo site Wiki Leaks, foi revelado aos interrogadores do Pentágono pelo jornalista Adrian Lamo, a quem Manning havia enviado vários e-mails divertindo-se com seus "vazamentos secretos".

De acordo com Lamo, Manning salvava sistematicamente material secreto em CDs, utilizando uma digitação especial para enganar, enquanto supostamente ouvia música de Lady Gaga.

Os motivos do jovem soldado - para muitos traidor e para outros herói - eram ideológicos, considerando que sentia ojeriza à política externa e às guerras de agressão de seu país. "Hillary Clinton e milhares de diplomatas em todo o mundo sofrerão ataque cardíaco quando acordarem uma manhã e verem um gigantesco volume de documentos secretos sobre a política externa dos EUA, disponível em um site da Internet", escreveu Manning em um email para Lamo.

E o soldado esclarecia que "os documentos secretos esclarecem detalhadamente como o Primeiro Mundo explorará o Terceiro, provocando discussões internacionais".

Por seu lado, o site Wiki Leaks recusou-se a confirmar se o soldado Manning é a fonte dos vazamentos, destacando apenas que, "se é, de fato, então deverá ser reconhecido como herói nacional".

De acordo com o The Guardian, os responsáveis pelo site já contrataram três dos maiores advogados norte-americanos para defenderem Manning quando for a julgamento na Corte Marcial.



GP



CIA tinha Osama bin Laden na mão, mas o perdeu

Cabul - Os "diários da guerra" que vazaram no site Wiki Leaks desmentem Lew Panetta, diretor-geral da Agência Central de Inteligência (CIA) dos EUA. Panetta assegura que não existem informações sobre Osama bin Laden desde o início de 2000.

Mas os dossiês secretos que vazaram mostram que os serviços secretos dos EUA tinham informações sobre o chefe supremo da Al Qaeda, mesmo que se ele surgisse somente como sombra.

Parece que desde 2004 até inclusive ano passado os comandantes das forças dos EUA-Otan recebiam informações atualizadas sobre a localidade em que Osama bin Laden se encontrava, assim como detalhadas indicações quanto suas atividades.

Em agosto de 2006, por exemplo, o comando das forças da Otan (Isaf) aqui, no Afeganistão, tinha informações sobre um encontro do comando supremo da Al Qaeda que se realizou em Keta, no Paquistão. O comando que se reuniu era composto pelos mulás Omar e Dadulah, mulá Baradar e Osama bin Laden. E o que o comando das forças da Otan (Isaf) fez? Nada.

FONTE:
http://www.monitormercantil.com.br/mostranoticia.php?id=83059

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